Mais da metade dos brasileiros, cerca de 96 milhões de pessoas, está cadastrada no Programa Saúde da Família (PSF). De acordo com pesquisa divulgada hoje (31), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nos 27,5 milhões de residências cadastradas no programa – do total de 57,6 milhões – vivem 50,9% da população.
Os dados do Panorama da Saúde no Brasil, publicação elaborada com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), com referência no ano de 2008, mostram que o Saúde da Família é mais abrangente que os planos de saúde. O serviço particular atende a 25,9% da população, ou seja, cerca de 49,2 milhões de pessoas.
A maior parte das famílias atendidas vive na Região Nordeste, que concentra 35,4% dos domicílios cadastrados ou 9,7 milhões de famílias. Em seguida estão o Sudeste, com 9,1 milhões de atendidos e o Sul, onde as equipes de saúde visitam 4,5 milhões de casas. A Região Norte tem a menor cobertura: 2 milhões de domicílios ou 7,4% do total no país.
O presidente do Conselho Nacional de Saúde, Francisco Batista Júnior, questiona os dados e chama a atenção para o fato de, historicamente, municípios do Nordeste terem se apropriado do programa, que conta com repasses do governo federal, em vez de investirem na rede básica de saúde.
“O PSF [Programa Saúde da Família] passou a ser a opção prioritária das prefeituras de menor e até de médio porte, particularmente no Nordeste. Em função disso e da falta de serviços básicos, o programa passou a ser a porta prioritária no sistema”.
Proporcionalmente, três unidades têm menos de um terço de domicílios no programa: Amapá com 20,2% de domicílios atendidos, Rio de Janeiro, que oferece o serviço para 17,4% das residências no estado e Distrito Federal, com 11,2% – a menor cobertura no país.
Os profissionais do Saúde da Família visitam as casas mais pobres onde vivem pessoas com baixo nível de instrução. Dos cadastrados, 61,9% tinham renda de até um salário mínimo e 36,1% ganhavam mais que dois salários. Dentre os 8,5 milhões de residências onde a a pessoa de referência tinha menos de um ano de estudo, o atendimento chegava a 63,8%.