ilustração: Revolução 1948 e Richard Wagner
Richard Wagner nasceu no quarteirão dos judeus pobres de Leipzig. Embora Richard não possuísse fortuna alguma e nem esperança de heranças, esbanjava todo o dinheiro que lhe caísse às mãos. Vivendo em dívidas e apuros, mudou-se para a Letônia, onde se casou com a cantora Mina Planer. Depois, Paris. Wagner tinha, então, 25 anos.
O tempo que viveu com Mina na França foi o da mais extrema pobreza. Afinal, ao contrário do que se passara em outros países, não teve como escapar da prisão por dívidas em 1840, quando ficou trancafiado por seis meses. Em 1842 consegue voltar à Alemanha e foi nomeado Diretor da Ópera de Dresden.
Mas a promissora vida burguesa seria novamente interrompida. Na verdade, todo o mundo europeu se agita ao final dos anos quarenta. Em 1848, surge com a força de um vendaval a varrer a velha ordem, “O Manifesto Comunista”, escrito por Marx e Engels. Richard Wagner, imbuído de ideias libertárias, socialistas e anarquistas, une-se ao grupo do russo Bakunin e pega em armas, participando da Revolução de Dresden, nos anos de 1848 e 1849. Resiste às tropas monarquistas nas barricadas das ruas e, depois, participa valentemente da luta que se estende casa a casa.
Foge para Paris e, finalmente, chega a Zurique, onde se exila. Na Suíça, iniciará a composição de “O Anel dos Nibelungos”, produção que somente concluirá vinte e seis anos após. Quem socorrerá o casal Wagner no novo exílio será Otto Wesendonck, um rico industrial e mecenas das artes. Ora, Wagner irá se apaixonar pela esposa do anfitrião, Matilde, tornando-se amantes. Ela será a inspiração de sua próxima ópera, baseada na lenda de “Tristão e Isolda”.
Mina promoverá um escândalo e o Wagner terá que abandonar o luxo em que vivia na residência do marido traído e retorna à miséria e as dívidas. E aí entra, em sua história, Dom Pedro II, o Imperador do Brasil.
Dom Pedro é um amante das artes e mesmo Wagner tendo por fama ser um revolucionário feroz, isto não o incomoda e em absoluto o impede de sonhar com a encenação e regência de uma ópera wagneriana no Brasil, que para ele significava a “música total”.
Ciente das dificuldades do grande gênio, o Imperador oferece-lhe suporte financeiro para a montagem da nova ópera “que deveria ser diferente”, revolucionária até mesmo para os padrões wagnerianos, aquela que constituiria um prenúncio do atonalismo da moderna música do século XX: “Tristão e Isolda”.
Wagner chega a aceitar que a primeira encenação ocorresse no Brasil, mas o Imperador nada lhe exige por escrito. Tão pouco Dom Pedro contava com a nova e rápida reviravolta que ocorreria na vida do músico.
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