Foto: Solomon R.
Longe de se basear em um romance futurista, como “1984” e “2046”, o relatório do IPCC traz dados, assustadores e bem reais, compilados por cientistas do mundo todo, sobre as conseqüências desastrosas das mudanças climáticas no planeta.
Segundo o relatório, o cenário mundial vem sendo alterado pelas mudanças climáticas e a população mundial terá dificuldades para se adaptar a ele.
As mudanças incluem não só o aumento da tamperatura em si, mas também fenômenos como precipitação e sazonalidade, importantes no que tange a capacidade de adaptação das diferentes espécies, inclusive o ser humano.
Água, Ecossistemas/Agricultura, Sociedade/Economia e Saúde estão entre os setores analisados pelo IPCC, indicando quais impactos os mesmos vem sofrendo e a que resultados poderemos assistir muito em breve.
Entre as previsões, o IPCC afirma que cerca de 30% de costa litorânea serão perdidos em função do aumento do nível da água, o que afetará não só a oferta de produtos (peixes, etc) como a própria sobrevivência das populações humanas que habitam tais áreas.
Outro dado preocupante é a mudança da distribuição geográfica de vetores. Ou seja, insetos transmissores de doenças endêmicas (malária, dengue, febre-amarela, por exemplo) poderão se alastrar em regiões onde não são encontrados atualmente, como na Europa e na América do Norte, já que tais regiões tendem a ficar mais quentes ao longo dos anos.
Essas alterações climáticas impactam também a produção agrícola. O IPCC preve um queda na produtividade de cereais em baixas latitude e um crescimento em médias e altas latitudes.
A curto e médio prazo, os africanos é que mais sofrerão com as conseqüências desastrosas relacionadas ao acesso à água. Entre 75 e 250 milhões de pessoas, até 2020, terão dificuldades para acessar água potável e água destinada à irrigação para agricultura.
Na Ásia, o derretimento do Himália provocará um aumento de enchentes, deslizamento de encostas e dificuldade de acesso aos recursos hídricos nas próximas duas ou três décadas.
Na Austrália (Oceania), a Grande Barreira de Corais sofrerá uma grande perda de diversidade. E, apesar do avanço da tecnologia, segundo o IPCC, os sistemas naturais têm limites quanto à sua adaptabilidade e o conhecimento tecnológico não será suficiente para reverter os danos.
Na América Latina vários ecossistemas tendem a desaparecer, ou serem drasticamente reduzidos. No Brasil especialmente, a própria Amazônia, segundo os cientistas, poderá ser substituida por uma vegetação característica de cerrados (savana brasileira). Recifes de coral (estes importantíssimos para a reprodução de várias espécies marinhas) também tendem a desaparecer, já que consistem em colônias que suportam baixíssima variação climática.
Caso a demanda por recursos naturais e os índices de degradação ambiental permaneçam nas taxas atuais, é possível que, em poucos anos, os dados do relatório sejam considerados extremamente “amenos”… Aliás, isso aconteceu já na sua apresentação, quando cientistas foram acusados de suavizar os reais impactos das mudanças climáticas previstos para os próximos 50 anos.