“Não adianta o jogo de empurra em busca de responsáveis pela alta dos derivados. O ICMS e as margens de distribuidoras e postos são percentuais cobrados sobre o preço na refinaria, quando a Petrobrás sobe, tudo isso sobe”, explica o coordenador da FUP, Deyvid Bacelar
Enquanto tentam enganar a população, se isentando da responsabilidade pela disparada dos preços dos combustíveis, o governo Bolsonaro e o general reformado que ele colocou no comando da Petrobrás, Joaquim Siva e Luna, autorizaram mais um reajuste no preço do óleo diesel, que subiu 8,9% nas refinarias, a partir desta quarta-feira, 29. Só neste ano, o produto acumula alta de 50,9% nas refinarias, um valor mais de sete vezes superior à inflação do período (7,02%), medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preço ao Consumidor).
Se tomarmos como base o início da pandemia do coronavírus (março de 2020), a alta acumulada do diesel nas refinarias da Petrobrá já alcança 60,1%. E desde o começo do governo Bolsonaro, o aumento chega a 66,1%, com efeitos em cascata, impactando diversos custos de produção, transportes e preços dos alimentos.
“O verdadeiro culpado pelos sucessivos reajustes dos combustíveis é a política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pela gestão da Petrobrás, que se baseia nas cotações internacionais do petróleo, na variação do dólar e nos custos de importação, sem levar em conta que o Brasil produz internamente cerca de 90% do petróleo que consome. Não adianta o jogo de empurra em busca de responsáveis pela alta dos derivados. O ICMS e as margens de distribuidoras e postos são percentuais cobrados sobre o preço na refinaria, quando a Petrobrás sobe, tudo isso sobe”, afirmou o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar.
Assim como o diesel, o mesmo comportamento perverso ocorre na gasolina, que, de janeiro de 2019 até hoje, aumentou 80% nas refinarias. Apenas neste ano, a alta é de 45,7%, tornando o produto um dos principais itens da inflação. Mas é no gás de cozinha onde a desigualdade social do país fica ainda mais evidente: os preços do produto subiram, nas refinarias, 87%, no governo Bolsonaro, até agora; ou 75,3% desde o início da pandemia. No ano, o aumento é de 38,1%, penalizando, sobretudo, as famílias mais pobres, obrigadas a substituir o gás pela lenha, para cozinhar.
Para o coordenador da FUP, o presidente da Petrobrás, Joaquim Silva e Luna, “mente ou não sabe fazer contas”, pois a participação da Petrobrás nos preços dos combustíveis, nas refinarias, vem aumentando desde a implantação do PPI, em 2016. Era de 30% no preço do litro da gasolina, hoje é de 33,4%; no diesel, passou de 48% para 52,1%; e no GLP, saiu de 23% para atuais 47,5%, segundo acompanhamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), subseção FUP. “A participação dos impostos foi mantida a mesma neste período, enquanto a participação da Petrobrás cresceu”, ressalta Deyvid Bacelar.
As estatísticas elaboradas pelo Dieese/FUP mostram também o impacto nefasto da política de preços da Petrobrás sobre os derivados comercializados nos postos de revenda, ou seja, a venda para o consumidor final. Com o novo reajuste, o litro do diesel acumula, no ano, alta de 31,5%; a gasolina, 35,5%; e o gás de cozinha, 31,4%.
Anexo: https://aepet.org.br/w3/media/k2/items/cache/9bcaabc43439a4efb2b0c8e0f1ab1548_XL.jpg?t=-62169984000