Foto: Rita Ronchetti
O último dia de Fórum Social tem sido escolhido pela Assembléia de Movimentos Sociais para um encontro onde se fecham os “consensos para que sigamos lutando”, como falou Nalu Faria, da Marcha Mundial de Mulheres/Brasil, na abertura da aprovação da declaração final do IV FSA, em Assunção, Paraguai. Ela e Joel Suárez Rodés, do Centro Memorial Dr. Martin Luther King Jr/Cuba conduziram a reunião das animadas representações dos movimentos presentes neste IV Forum das Américas.
Com grande participação das mulheres, seja as da Marcha Mundial ou da Via Campesina, da Articulação de Mulheres Brasileiras ou das Indígenas, esta IV edição do Fórum continental mobilizou diversas organizações sociais e de trabalhadores, o MST, o movimento sindical como a CUT Autêntica (local) e a CUT, cooperativas, agroecologistas, setores ecumênicos, estudantes, acadêmicos de diversas áreas, artistas. Destacavam-se ainda o grande número de meios de comunicação independentes, comunitários, trabalhando solidariamente, além dos comunicadores individuais com suas câmeras variadas que levarão as imagens para seus lugares de origem.
Lutar, criar, poder popular
Na Assembléia, os consensos foram muitos, e o lotado Centro Desportivo mostrava a disposição de luta dos movimentos, com palavras de ordem cantadas a cada tema importante que o documento trazia. A defesa da Mãe Terra, de suas riquezas naturais e de toda a vida presente, base do conceito de bem viver trazido dos ancestrais indígenas e defendido por eles especialmente neste fórum, está na base de todas as resoluções e propostas de lutas.
A busca de outro paradigma baseado na solidariedade e harmonia entre os povos, colocam para já a radicalização das lutas contra as falsas soluções apresentadas para a mudança climática, com novas investidas do capitalismo “verde”; contra a militarização e golpes de estado, contra a criminalização dos movimentos sociais; pela reforma agrária, pelo respeito a natureza, por uma agricultura familiar e campesina; pela soberania dos povos, política, alimentar, energética, e pela soberania das mulheres sobre seus corpos e suas vidas.
Globalizemos a luta
Outro ponto forte da declaração final em Assunção foi a solidariedade com os povos de Honduras e do Haiti, presentes no documento original, e também ao povo da Palestina, novamente agredido pela ONU. A assembléia denuncia o golpe em Honduras e se solidariza com seu povo que resiste bravamente; solidariza-se com o povo do Haiti e exige que sejam retiradas as forças militares daquele país.
A Assembleia dos Movimentos Sociais chama assim ao final um plano de luta, que tem algumas datas chave, para que no mundo todo os ativistas que buscam novos paradigmas para a convivência entre os povos, pela preservação da vida sem violência, exploração e destruição, e pela democratização do conhecimento e da comunicação, das tecnologias e do saber ancestral, pela convivência da diversidade com paz e harmonia, manifestem-se em uníssono com radicalidade, na construção de outra América possível.
Calendário de lutas e mobilizações, cujo compromisso assume o IV FSA
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23 de agosto – Dia de Solidariedade às Mulheres e Povos da Colômbia e das Américas que lutam contra a militarização
7 a 17 de outubro – Semana de Ação em Defesa da Mãe Terra, contra a mercantilização da vida / ações globais contra a militarização / Ações contra a Dívida, as IFIs e o Banco Mundial e por trabalho decente
7 de outubro – Jornada Mundial por Trabalho Decente
12 de outubro – Grito dos Excluídos
8 a 16 de outubro – V Congresso da CLOC/VC
8 a 12 de outubro – Fórum Social das Migrações – Quito – Equador
12 de outubro – Dia de Ação pela justiça climática
15 de outubro – Jornada de Solidariedade com Haiti – Basta de ocupação econômica e militar
17 de outubro – Jornada internacional em solidariedade às mulheres que vivem em zona de conflito
29 de novembro a 7 de dezembro – Ações Globais contra as falsas soluções para a mudança climática (prévias e simultâneas a COP-16 em Cancun, México)
E para 2011
12 de janeiro – Jornada de Solidariedade com o Povo Haitiano