Os reflexos do planejamento urbano deficitário

07/04/2010 21:33

Por Sucena Shkrada Resk

O caos vivido por cidadãos fluminenses, com o temporal que atinge o Estado, desde ontem, só prova que é preciso haver ações concretas de planejamento urbano para mitigar e adaptar a situação dos moradores vitimados, principalmente de encostas e em localidades próximas a morros. É extremamente triste, até agora, saber que pelo o menos 130 pessoas morreram, sem a mínima chance de se proteger.

Esse quadro de emergência acontece pouco tempo depois do V Fórum Urbano Mundial, que ironicamente, ocorreu no Rio de Janeiro, no mês passado. E como resultado deste evento, foi divulgada a Carta do RJ, na qual destaco os seguintes trechos.

“…que espaços institucionais devem ser criados e fortalecidos para representar diferentes segmentos da sociedade, permitindo que estes participem de decisões estratégicas, como orçamentos, planos diretores, projetos de larga escala, megaeventos, melhorias de áreas degradadas, preservação do meio ambiente, da cultura e da história…

O documento ainda sela as propostas estabelecendo que,”para garantir o direito à cidade, as instituições responsáveis em níveis local, nacional e internacional devem assegurar acesso à moradia, habitação decente, infraestrutura e mecanismos de financiamento para projetos inclusivos e sustentáveis”.

A única coisa a dizer é que as ações são prementes e que essa carta não pode ser um papel a ser engavetado. Não é possível que fiquemos também entorpecidos pelo ‘glamour’ de uma Olimpíada à vista. A palavra infraestrutura ganha peso no hoje, no momento imediato. Quem resgatará a vida dessas famílias vitimadas, tanto dos entes que partiram, como os que ficaram sem nada, pois tudo se perdeu no meio de escombros. E as pessoas que ficaram sob as águas ou para evitá-las, pernoitaram sobre viadutos, para não terem os seus carros e suas vidas tragadas pelas águas?…

Agora, o Governo Federal anunciou a construção de 4.080 casas, em convênio com o Governo do Estado e com pelo o menos 11 prefeituras. Mas será que essa reestruturação habitacional precisava ser decidida com base em uma tragédia?
Fonte: Blog Cidadãos do Mundo – www.cidadaodomundo.blogse.com.br – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk