Oitavo sem teto se acorrenta em frente ao prédio de Lula

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, está de volta ao
Brasil, depois de ter participado, como convidado, da reunião do G8 (grupo
de países mais ricos e Rússia), em L’Aquila, na Itália. Lula, no entanto,
não retornou para sua residência em São Bernardo do Campo, no final de
semana.

Apesar de a agenda da presidência informar que Lula não cumpriria nenhum
compromisso oficial em Brasília, o presidente optou por passar o sábado e
domingo, na capital federal. Desde o último dia 08, aproximadamente 500 sem
teto ligados ao MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) acampam em
frente ao prédio onde o presidente mora, no ABC paulista.

Hoje, 13, o oitavo sem teto se acorrentou em protesto, para exigir que o
governo federal acelere a construção de moradias populares destinadas a
famílias que recebem entre zero e três salários mínimos por mês. Os sem teto
também querem evitar o despejo de famílias que residem em áreas particulares
e sofrem ações na Justiça. Só em Sumaré, região de Campinas, no interior de
São Paulo, 1.400 famílias correm o risco de perde a moradia, em menos de um
mês.

Segundo o coordenador estadual do MTST, Guilherme Boulos, os manifestantes
permanecerão no local, até que o Movimento seja recebido por representantes
do governo federal. “Se pensam (governo federal) que vão nos vencer pelo
cansaço, estão enganados. Nossa disposição é a de permanecer aqui, até
sermos atendidos”, frisa o dirigente.

*Brasília*

A secretária nacional de Habitação do Ministério das Cidades, Inês
Magalhães, garante que recebe os manifestantes assim que for procurada.
“Eles (sem teto) optaram por essa estratégia (acampamento). Nós mantemos uma
agenda cotidiana com os movimentos sociais”, ressalta.

“Não construímos casas, o Ministério faz a regulação, cria programas e
transfere recursos para Estados e municípios”, acrescenta a secretária. Ela
conta que o déficit habitacional no país é de 6,3 milhões de moradias. Só no
Estado de São Paulo falta 1,2 milhão de casas.

Segundo Inês, o programa Minha Casa, Minha Vida irá construir 400 mil
residências para famílias que recebem entre zero e três salários mínimos. A
entrega dos imóveis, no entanto, vai demorar de 12 a 18 meses após a
contratação da obra.

Ela conta que as construtoras terão como atrativo o fato de não precisarem
de capital de giro, para realizar o empreendimento, o governo fará aporte em
diversas fases da obra. Além de ter assegurada a demanda para os imóveis.

Os sem teto afirmam que as empreiteiras não têm interesse em construir para
a população de baixa renda porque os lucros seriam menores.

Acampamento continua

Zezito Alves, do MTST, diz que o movimento está disposto a dialogar com a
secretária nacional de Habitação, mas que não está esperançoso com os
desdobramentos da reunião. “Já nos reunimos várias vezes com a Inês
(Magalhães). Queremos sentar com alguém que tenha poder para resolver”,
critica. O MTST aguarda o contato do Ministério das Cidades para formalizar
o encontro.

O trabalhador sem teto antecipa que o acampamento não será desfeito com a
eventual ida a Brasília. “Só sairemos daqui (da frente da residência de
Lula) com algo concreto. Não adianta receberem o Movimento e não avançarem
em nada.”
O MTST também quer que o governo federal evite o despejo das famílias que
estão prestes a perder a moradia. “O governo pode comprar os terrenos e
evitar que (as famílias) sejam despejadas”, ressalta.