Esse gatilho foi apertado por Cláudio Castro
Jovem cantor católico carismático. Devoto de Maria. Ungido do Espírito Santo.
Eram 5:50 hs da manhã, quando meu celular tocou. Era um amigo, morador do Jacarezinho.
Ele me mandou três áudios.
Ouvi helicóptero, tiro e rajada.
Eu estou nessa há muito, muito tempo, e sabia o que isso ia significar. Escrevi cedo, nas minhas redes, pedindo pras pessoas tomarem cuidado ao sair de casa.
Se você não é do Rio, ou se você é, e mora na zona sul, eu vou tentar explicar o que aconteceu hoje na cidade.
A violência é a forma de governo do Rio. Não é democracia. É violência. Não tem democracia no morro. Não tem liberdade no morro. Não tem essa sua tranquilidade, de concordar um pouco com uma coisa, um pouco com outra.
Existe um Brasil em guerra. Não, em guerra não. Guerra é se tivesse outro Exército. Se fossem dois exércitos, de igual pra igual. O que tem não é isso.
A favela do Jacarezinho tem mais de 80 mil moradores. É muita pobreza. Muito abandono, muito valão, muito trabalhador. A maioria esmagadora de trabalhadores.
O que tem não é guerra. É extermínio.
As ruas do Jacaré estavam banhadas de sangue. Moradores lavavam o sangue em frente a Igreja Deus é Amor.
No Jacaré, nem Deus, nem Amor.
É, sobretudo, extermínio do povo negro.
Do povo pobre, preto e branco de periferia, mas, sobretudo, do povo negro.
O nome pro que aconteceu no Jacarezinho não é guerra.
É chacina. É o país do genocídio, da fome, da chacina.
Carlos Russo Jr
Convidamos à leitura do grito de alerta e desespero de Davina Valentim da Silva em:https://www.proust.com.br/post/o-que-tem-n%C3%A3o-%C3%A9-guerra-%C3%A9-exterm%C3%ADnio
Foto: Favela do Jacarezinho, por Mauro Pimentel.