“O olhar do leitor precisa ir além da superfície da arte americana para ver o diabólico interno de seu significado simbólico. Do contrário, tudo não passaria de infantilidade. A consciência deliberada de americanos tão loiros e de fala tão mansa, e, por baixo, uma consciência diabólica”.
“Destrua! Destrua! Murmura a consciência profunda. Ame e produza! Ame e produza! Repete a consciência aparente”.
“O americano precisa destruir. É o seu destino. ”
Hawthorne, como norte-americano, confessa: “Nós não podemos evitar nós mesmos”, “pois embora saibamos o que devemos ser e o que seria muito belo e encantador que o fôssemos, ainda assim, não conseguimos sê-lo”.
“A Letra Escarlate”, escrita em 1850, não é um romance agradável, gracioso. Está mais para uma espécie de parábola, na qual devemos buscar os sentidos ambíguos de cada episódio, de cada “persona”; uma história mundana com um sentido demoníaco, o da intolerância e o da destruição.
O pecado, a culpa, o ódio, a ausência de amor; a presença da luxúria, da paixão, do destemor e da covardia, da coragem e do orgulho, da traição e da pusilanimidade; a automutilação e o sadomasoquismo, todos eles estão presentes e marcados a ferro e fogo nos personagens do drama.
Já o pecado é uma coisa esquisita. Ele não é a ruptura de um mandamento divino, e sim, a ruptura de nossa própria integridade.
O ser humano tem duas opções: ou bem é fiel à crença que diz professar e obedece às suas leis ou admite que essa crença é inadequada e se prepara para algo novo.
Carlos Russo Jr
Convidamos à leitura de nosso ensaio em: https://www.proust.com.br/post/lawrence-hawthorne-e-melville-o-pecado-na-alma-profunda-norte-americana
Anexo: A letra escarlate