Falar em conchavos na história do Brasil é falar em conluios.
O “conchavo” brasileiro tem na sua história episódios tenebrosos e hilariantes, mas jamais heroicos.
Os tenebrosos podem ser exemplificados nos corpos negros que apodreceram no fundo do mar no tráfico de escravos. Os hilariantes podem ser lembrados aos montes: como o golpe militar dado aos solavancos para a proclamação da República, fruto de uma briga entre dois militares de alta patente por uma “rapariga”.
É triste pensar que não tivemos um Simon Bolívar ou José Martí. Na verdade, o mito fundador do Brasil sempre perpassou pelo trio de palavras tão fortes, quanto tristes: sangue, suor e lágrimas.
Dessa maneira, o “conchavo” negativo brasileiro deve ser entendido como um pilar até hoje instransponível da nossa sociedade, porém no sentido pejorativo do termo: um “conchavismo”, um paradigma de sobrevivência violento.
Brutalizou a ideia de uma nação democrática com o golpe de 1964; retornou a uma aparente calmaria, caçando marajás e trocando de moeda como se troca de roupa; e, quando pareceu ter amadurecido o suficiente para ter, enfim, uma sequência de governos voltados para a melhoria do bem-estar interno, nossa história dá um “cavalo de pau”, uma “pirueta”, e retrocede 50 anos, no mínimo, com um governo protofascista.
Nessa toada, a história do nosso conluio não foi barbarizada. De fato, a barbárie aqui dentro só reinou para os fracos e oprimidos.
Carlos Russo Jr
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