A rede Ciranda de Comunicação Compartilhada manifesta indignação e repúdio aos atos de terror promovidos este domingo contra as sedes dos Três Poderes da República, em clara afronta e tentativa de golpe contra a democracia e a civilidade.
Nas últimas eleições, a população brasileira derrotou as forças de extrema direita encasteladas no poder desde o golpe contra a presidenta democraticamente reeleita Dilma Rousseff, em 2016, e, depois, durante o governo extremista de Jair Bolsonaro. No entanto, esses anos foram marcados pelas campanhas de ódio e estímulo ao fanatismo, promovidas com uso da máquina pública, financiamentos ainda sob investigação, apropriação de dados e propagação de fakenews pelas redes sociais, agressões à mídia e a jornalistas, e sob coordenação de setores interessados na espoliação dos bens e riquezas brasileiras.
A falta de responsabilização pelos crimes praticados pelo Estado brasileiro desde a ditadura militar alimenta o sentimento de impunidade nos segmentos mais retrógrados da população, despertados e insuflados com a distribuição indiscriminada de armas em mãos civis – em totais que hoje superam o arsenal das polícias e Forças Armadas juntas. Distribuição de benesses do Estado, para indivíduos ou negócios, também alimentaram os terroristas.
As seguidas tentativas de levar grupos bolsonaristas à insurreição golpista – ainda durante a campanha com os casos de Roberto Jefferson e a deputada federal Carla Zambelli e, depois do resultado eleitoral, com o bloqueio das rodovias, contou com a complacência da Policia Rodoviária Federal e a omissão conivente das polícias estaduais que nada fizeram contra os grupos acampados em frente aos quarteis pedindo intervenção militar.
Os crimes deste domingo são fruto dos anos seguidos de tolerância com as milícias e a violência policial racista, com a falta de resposta para crimes políticos como foi a execução da vereadora Marielle Franco e de tantas outras lideranças. Sem anistia, pedem os movimentos sociais de esquerda, cujos lutadores sabem bem como foi difícil derrotar institucionalmente a extrema direita. Sabem também que já passou da hora de extirparmos, na origem, esse nazifascismo tupiniquim que reúne as piores coisas da humanidade, do patriarcado fundamentalista ao Imperialismo de EUA e Israel.
A selvageria dos participantes deixou suas marcas nos vidros quebrados, computadores destruidos, memórias violadas e obras de arte de valores inestimáveis depredadas. Trata-se de uma incivilidade cultivada para destruição, não do governo de Luiz Inácio Lula da Silva, mas do sistema democrático e das conquistas civilizatórias. Tais grupos tentam levar ao ápice da concretização as palavras do ex-capitão do Exército, Jair Bolsonaro, ao disputar a Presidência: Não chegamos para construir, mas para destruir.
SEM ANISTIA!, dizem os defensores da vida e da democracia. A extrema direita cresce na medida da certeza de sua impunidade. E ela tem cara e rostos conhecidos, tanto nas bases como entre seus comandantes. Alguns entocados nos Estados Unidos, onde políticos já pedem a Biden que se livre deles. A democracia requer proteção às suas instituições e responsabilização dos que atentam contra a Constituição e contra a vontade democrática do povo. O governo Lula precisará responder à altura do papel histórico que se espera dele globalmente. Está em jogo não apenas a democracia como a própria vida e o planeta.
Durante esses anos todos, a imprensa e a verdade foram as grandes vítimas do golpismo instalado no país. No domingo, pelo menos 12 jornalistas sofreram agressões dos golpistas. A rede Ciranda de Comunicação Compartilhada se soma a todas as vozes que se manifestam em defesa da humanidade e da democracia e pedem justiça, com a responsabilização de todos os envolvidos em atos terroristas, seja na execução, direção ou financiamento. Precisamos afastar o extremismo das milicias paramilitares e políticas da vida democrática brasileira.