Uma passeata com cerca de 10 mil trabalhadores, realizada em Brasília no dia 6 de julho, deu início ao calendário de mobilizações do movimento sindical. Com manifestações agendadas para todas as regiões do Brasil, a iniciativa que une as centrais sindicais e também entidades independentes, culminará com uma grande marcha marcada para 3 de agosto, na Avenida Paulista, em São Paulo.
Na pauta, as reivindicações que deram a tônica da Conferência Nacional dos Trabalhadores, realizada em 2010, e das comemorações do 1º de Maio deste ano. A principal delas é a redução da jornada de 44 para 40 horas semanais, prevista na Proposta de Emenda à Constituição nº 231/95.
Além disso, a pretensão é somar a essa outras reivindicações, como o fim do fator previdenciário, a questão das práticas antissindicais, a regulamentação da terceirização com garantia de direitos e a ratificação das convenções nº 151 e 158 da OIT (Organização Internacional do Trabalho), que dispõem respectivamente sobre o direito de negociação do funcionalismo público e a proibição da demissão imotivada.
“A ideia é avançar no ano em torno de bandeiras históricas dos trabalhadores no Congresso Nacional. Isso se articula com a dinâmica de campanhas salariais e deve criar melhores condições para sustentar a valorização do mínimo”, analisa o cientista político João Guilherme Vargas Netto. Na sua concepção, ao se desenvolver de forma entrosada com grandes segmentos, tal ação fortalece a organização sindical também na batalha contra ala que queira lançar ofensiva que implique perdas à classe trabalhadora. “Essas lutas contínuas na linha do tempo do segundo semestre (manifestações unitárias pela pauta sindical no Congresso em Brasília e campanhas salariais motivadas pela conjuntura favorável) darão base para que o movimento unificado, aguerrido e vitorioso impeça que os rentistas, a banca e seus porta-vozes a aliados coloquem em questão o forte reajuste legal do salário mínimo previsto para janeiro de 2012, conforme uns e outros já andam murmurando”, ressaltou em artigo de sua autoria intitulado “Linha do tempo”, publicado no site da Força Sindical. “Queremos reafirmar que vamos lutar por aumentos reais de salário e que não compraremos a versão conservadora de que isso vai fazer a inflação disparar”, destaca Artur Henrique, presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores).
Presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes lembra que algumas categorias importantes devem participar, como os petroleiros e metalúrgicos, bem como organizações sociais. “Isso provavelmente ajudará na mobilização”, acredita. O deputado federal Paulo Pereira da Silva, o Paulinho (PDT-SP), presidente da Força Sindical, enfatiza que promover essa aliança é a proposta. E indica: “Tivemos uma reunião com nossa bancada em São Paulo e estamos orientando todos os estados a se reunirem com parlamentares locais. Isso já está acontecendo. No Congresso Nacional, temos mantido pelo menos cem dirigentes toda semana, os quais farão panfletagem e visitas a lideranças até o recesso parlamentar.”