Mia Couto declarou que “O último voo do flamingo” fala sobre a perversa fabricação de ausência – a falta de uma terra toda inteira, um imenso rapto de esperança praticado pela ganância dos poderosos”.
A leitura de Mia Couto caminha numa variante do realismo fantástico; talvez até mesmo melhor seria dizer que, como um mago, ele trabalha uma espécie de animismo fantástico, em que as almas encarnam em gentes com as tradições e as magias do seu pedaço de mundo, que não é somente Moçambique, mas todo o continente africano.
Moçambique é uma nação profundamente agredida pelos anos de ocupação portuguesa, pelas guerras e pela ganância daqueles que usurparam o Poder deixado pelo Colonizador.
Mia Couto disse mais: “O avanço desses comedores de nação obriga-nos aos escritores, a um crescente empenho moral. Contra a indecência dos que enriquecem à custa de tudo e de todos, contra os que têm as mãos manchadas de sangue, contra a mentira, o crime, o medo, contra tudo isso se deve erguer a palavra dos escritores.”
Carlos Russo Jr.
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