A Marcha Pela Vida, realizada nesta terça-feira (9/6), contou com a participação virtual de dezenas de personalidades e lideranças de organizações da sociedade civil, que enviaram vídeos com mensagens sobre sua visão do movimento.
Os vídeos, distribuídos em quatro blocos, foram apresentados no Painel Online de Depoimentos, aberto às 13 horas no canal YouTube da SBPC e na página oficial da Marcha pela Vida, logo após a leitura do manifesto oficial. A seguir, o resumo de alguns dos depoimentos:
O médico Dráuzio Varela fez uma enfática defesa do Sistema Único de Saúde (SUS), segundo ele, o maior programa de saúde pública do mundo. Varela disse que, por sua dimensão, o SUS é hoje no Brasil o “grande programa de distribuição de renda” e o que permitiu defender a vida dos brasileiros nesse momento de pandemia. “Não é perfeito, tem uma série de problemas de financiamento, de gestão, não temos política pública de saúde, mas, nessa hora, vemos a agilidade do SUS”.
O teólogo, filósofo e escritor Leonardo Boff falou sobre a ameaça à vida representada pelo coronavírus e fez um alerta também sobre o meio ambiente: “A Mãe Terra também é vida e precisamos salvá-la”, afirmou. O jornalista Juca Kfouri disse que vê a Marcha Pela Vida com “simpatia”, por juntar todos no esforço de “descobrir os caminhos da luz”.
Citando o filósofo camaronês Joseph-Achille Mbembe, a jurista Debora Duprat alertou para a chamada “necropolítica” (política de eliminação). Integrante do Ministério Público e até recentemente Procuradora Federal dos Direitos do Cidadão, ela direcionou críticas ao atual governo, apontando sinais de necropolítica: a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), que havia tirado o Brasil do Mapa da Fome nos governos anteriores, e o armamento da população, além da condução do coronavírus no País. “A pandemia vai deixar mais evidente essa política”, disse Duprat.
A ativista Jurema Werneck, diretora executiva da Anistia Internacional, fez um chamado à sociedade para cobrar das autoridades pela negligência ao povo, especialmente as pessoas das favelas, em situação de rua, em privação de liberdade, mulheres, transexuais e toda a comunidade LGBTQI, que não têm enxergado respostas adequadas à pandemia das autoridades. E repetiu a pergunta feita pela vereadora Marielle Franco, pouco antes de seu assassinato em 2018: “quantos mais têm que morrer? ”.
Também enviaram seus depoimentos: Ana Lúcia Paduello, Conselheira Nacional de Saúde; Carlos Joly, presidente da Associação Brasileira de Ciências Ecológica e da Conservação (ABCEC); Claudia Rose, do Museu da Maré, do Complexo da Maré (RJ); Givanildo Bastos, morador de Paraisópolis (SP) e coordenador do projeto comunitário Presidentes de Rua; o cineasta Helvécio Ratton; Iago Montalvão, presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE); Islândia Bezerra, presidente da Associação Brasileira da Agroecologia (ABA); José da Rocha Carvalheiro, professor colaborador do Instituto de Estudos Avançados da Universidade de São Paulo (IEA-USP) e ex-presidente da Abrasco; o ex-ministro da Cultura (2015-2016), Juca Ferreira; Madalena da Silva, coordenadora de Saúde do Trabalhador da CUT; Nurit Bensusan, assessora do Instituto Socioambiental (ISA); Paulo Buss, ex-presidente da Fundação Oswaldo Cruz e atual diretor do Centro de Relações Internacionais da Saúde (CRIS-Fiocruz); Robélia Lopes, assistente social e trabalhadora do SUS; Dom Roque Paloshi, presidente do Conselho Indigenista Missionário (CIMI/CNBB); ); Socorro Gross, representante da Organização Pan-americana da Saúde no Brasil (OPAS/OMS) e Vinícius Ximenes, representante da Rede Nacional de Médicas e Médicos Populares (RNMMP).
Assista todos os depoimentos na íntegra.