A sua biografia revela que a vivência durante a infância e o cotidiano de fazendeiro no Pantanal lhe proporcionou uma característica singular desde a fase da adolescência, nos anos 30, que passou para as palavras. Essas, sempre escritas, na ponta do lápis, como gostava de frisar.
Criativo, era dado a neologismos, de vez em quando. Externalizava, de alguma forma, a contribuição de sua convivência com a natureza, da fase dos ‘pés descalços’ em confronto com o cotidiano da ‘modernidade’. A fauna, a flora, as águas faziam parte constantemente de seus escritos. Suas poesias mantinham a sutileza de metáforas. Segundo ele, era como se estivesse descobrindo memórias fósseis. Durante sua carreira literária, produziu 28 obras e foi agraciado com diferentes prêmios. Entre eles, o Jabuti de Literatura.
Ao observar mais alguns trechos de suas obras, é possível ver traços que demonstram a riqueza do trabalho desse brasileiro praticamente centenário, que se fazia entendido por leitores de diferentes idades, preenchendo ‘vazios’ e ‘silêncios’.
“..Para mim poderoso é aquele que descobre as insignificâncias (do mundo e as nossas). Por essa pequena sentença me elogiaram de imbecil. Fiquei emocionado.Sou fraco para elogios…”. E em outra poesia, diz: “…Chegou por vezes de alcançar o sotaque das origens.Se admirava de como um grilo sozinho, um só pequeno grilo, podia desmontar os silêncios de uma noite!”. Esse era, é e será Manoel de Barros (1916-2014).
*Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk
13 de novembro de 2014 - 14:37