OAXACA – O ativista social Flavio Sosa afirmou neste sábado, 03, que o terror imposto à populacao oaxaquenha só interessa ao PRI (Partido Revolucionário Institucional), que governa Oaxaca há 80 anos sem interrupcao. Os oaxaquenhos vão as urnas hoje, 04, para escolher governador, prefeitos, deputados estaduais, além de dirigentes locais.
A violência é uma das principais estratégias utilizadas pelos priistas para barrar a ida da populacão às urnas. A truculência de grupos paramilitares, financiados pelo partido, já vitimou dezenas de pessoas. Neste momento, o municipio de São João Copala está sitiado: ninguém entra ou sai do local.
Para evitar a derrota, o PRI se utiliza de varias artimanhas sujas. Além da violência, o partido tem distribuído farto material apócrifo com mentiras sobre a coalizão oposicionista e Sosa. “Oaxaquenhos atentos: um fantasma ronda Oaxaca”, afirma o texto de um dos panfletos entregue aos eleitores. A cooptacâo é outra arma que o PRI usa. A compra de votos com dinheiro, cestas básicas e material de construcão tem sido uma constante durante o processo eleitoral.
A mídia também cumpre papel estratégico ao propagandear o terror e difundir mentiras. O jornal Despertar, que segundo fontes é controlado pelo governador, Ulises Ruiz, é um exemplo da campanha sistemática de satanizacâo contra Sosa e Gabino Cué, que disputa o governo do Estado pela coalizao Paz e Progresso, em oposicao ao candidato do PRI , Eviel Perez Magaña.
A manchete do periódico de ontem não deixa margem a dúvida: Preparam um banho de sangue na jornada eleitoral. Gabino e Flavio, um perigo para Oaxaca. “Me apresentam como um incendiário, como um terrorista”, afirma Sosa ao se referir ao tratamento da mídia. A publicacão afirma ainda que a oposicão “representa os interesses da APPO e das alas mais radicais e subversivas de Oaxaca”.
O professor Sosa, que concorre a uma vaga de deputado estadual pelo PT (Partido do Trabalho), uma das quatro agremiacões que compõem a frente de oposicão ao PRI, é uma das principais liderancas da insurreicão popular de 2006, no Estado mexicano. Na ocasião os docentes lideraram um protesto contra o autoritarismo de Ruiz e conquistaram o apoio da populacão. Dessa união surgiu a APPO (Assembleia Popular dos Povos de Oaxaca), que congrega centenas de entidades sociais do Estado.
A forca popular destituiu o governo priista. Por seis meses a cidade de Oaxaca se transformou na comuna de Oaxaca. No entanto, um acordo entre Felipe Calderon, presidente da República recém eleito, e Ruiz puseram fim a experiência comunal. A repressão foi brutal e sufocou o movimento autonomista.
Centenas de pessoas foram presas e torturadas. Sosa engrossou a lista. O jornalista estadunidense Brad Will, que registrava a violência nas ruas foi um dos 26 mortos pelas forcas repressivas. Passados quatro anos do massacre, a populacão pode escrever uma nova página na história de luta de Oaxaca. “ Quando a populacão vota, o PRI perde. Queremos que a populacão vá votar”, conclui o professor Sosa.