A abertura do Salão literário é hoje, sexta-feira, 13 de abril, com uma roda de conversa com o público com o filósofo Mario Sérgio Cortella, ex-monge, educador e autor de vários livros na área de Filosofia, Ciências da Religião, Ética, Responsabilidade Social, Educação e Gestão de Conhecimento. Os homenageados do evento são Carolina Maria de Jesus e Paulo Freire, indicadores seguros da vontade de chegar com a leitura ao público mais necessitado e sem acesso à arte, a não ser os mercantilizados produtos difundidos pela cultura de massa.
Em uma área de 10 mil metros quadrado, a exposição contará com 61 estandes e a participação de cerca de 400 editoras. O Salão do Livro está integrado ao Semeando Livros, Colhendo Histórias – programa que pretende estimular a leitura e a produção literária nas escolas, pretende receber mais de 100 mil visitantes e terá mais de 100 horas de programação, espalhadas por diversos espaços temáticos: Trajetórias Literárias, Encantos Pedagógicos, Espaço Criança, Ciranda Lilás, Suzano +20 e Literatura no Brasil.
Durante todo o período de realização do salão estão previstas apresentações de teatro, bate-papos com autores, exposições, debates sobre questões raciais e etnia e contação de histórias. Diversos autores já garantiram sua participação, entre eles: Alessandro Buzo, Antônio Skarmeta, Audálio Dantas, Cidinha Silva, Fernando Bonassi, Giulia Moon, Guilherme Fiúza, Heródoto Barbeiro, João Estrella, Marçal Aquino, Marcelino Freire, Maria Valéria, Márcia Tiburi, Paulo Lins, Regina Drummond, Ricardo Kotscho, Sérgio Vaz.
“Pés largos” rumo à Rio+20
Suzano é uma das 39 cidades que compõem a região metropolitana de São Paulo e padece da mesma desigualdade social e política construida pelo capitalismo tupiniquim. Uma cidade jovem, com pouco mais de 300 mil habitantes, mas com milhares de empresas e quase 600 indústrias, e um prefeito negro de partido progressista, Suzano vem mostrando há alguns anos que votar certo pode fazer a diferença. Este salão literário é uma demonstração da direção política da governança local, e de sua preocupação com o futuro da humanidade.
Os Muiramomis, tribo indígena guarani, conhecidos como os guerreiros “pés largos”, constituiram o povo autóctone da região de Suzano. Seguindo as mesmas trilhas cavadas pelos indígenas originários, margeando o Rio Guaió, a família Baruel instalou fazendas e lavras e trouxe os primeiros escravos negros para a região. Outros vieram, a primeira escola foi construída em 1870 e a Estação Suzano, inaugurada em 1907. Mas Suzano emancipada de Mogi das Cruzes só no meio do século XX, e hoje a cidade luta para voltar a valores mais próximos da natureza humana.
Um dos destaques do evento, é o espaço Suzano + 20, onde atividades tentam preparar crianças e jovens para uma vida sustentável. Assim, o Jogo da Carta da Terra, será uma oficina oferecida para grupos de crianças, e também para os adultos, em vários dias do Salão neste tema. Construída por uma década, a partir de meta indicada na Cúpula da Terra no Rio de Janeiro, em 1992, a Carta da Terra constitiui-se de uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica, aceita internacionalmente. Com a crise civilizatória e ambiental por que passamos, juristas internacionais já consideram que a Carta da Terra adquiriu um status de “lei”, mais moral que juridicamente obrigatória, como a Declaração Universal dos Direitos Humanos.
Urgentemente necessário mudar a maneira como pensamos e vivemos, a Carta da Terra nos desafia a examinar nossos valores e a escolher outros caminhos para a existência humana. Para aprofundar esse debate, teremos no espaço Suzano + 20, “Diálogos sobre Sociedade e Natureza”, com Rita Mendonça e Zysman Neiman; “Globotomia: do discurso midiático à burocracia”, com Aramis Latchinian, Eda Tassara e Marcos Sorrentino; e “Rio+20: Economia Verde e Governança Global”, com o prof. Ladislau Dowbor. E para mostrar a prática, haverá apresentação de projeto canadense de coleta seletiva e plantio de mudas para neutralizar a emissão de carbono gerada pelo Salão do Livro.
Provocativas polêmicas feministas
Além dos espaços dirigidos a literatura propriamente dita, e ao público principal (infantojuvenil), outra temática digna de nota é a Ciranda Lilás. Por ali passarão discussões sobre os vários feminismos e diversidades das mulheres, e ali estarão algumas das principais feministas brasileiras, como Amelinha Teles, com o tema “O que é feminismo”, na quarta-feira; Schuma Schumaher, “Reescrevendo a história das mulheres”, neste domingo e no sábado Valéria Melke Busin, “Respeito acima de tudo! Conversando sobre diversidade sexual”.
No campo da cultura negra, teremos Denise Carrara, com “Lendas Africanas”, Maria Lucia da Silva, com “Negritudes e Diversidades”, Conceição Evaristo, com “Literatura e consciência negra”. Vanessa Merique contará histórias infantis, de modo que até gente grande gosta de ouvir, Conceição Oliveira falará sobre seu “Blog Maria Frô” e “Mulheres na Política” será o tema de Fátima Pacheco Jordão, entre outras. Haverá também exposição de publicações de gênero, raça e etnia produzidas pelo movimento de mulheres, instituições governamentais e núcleos de estudos e pesquisas no Brasil e na América Latina, e leitura encenada em abordagem descontraída com temas que são provocativos e polêmicos.
Na praça de alimentação acontecerão diariamente apresentações musicais que remetem a diversidade cultural da música brasileira, com a participação de artistas locais. Completando o esforço para dar acesso à literatura e outras artes para toda a população, haverá transporte gratuito, partindo de diversos bairros para o Parque Max Feffer. No site da Prefeitura, encontram-se mais detalhes da programação.
I Salão Internacional do Livro de Suzano
Data: de 13 a 22 de abril (de segunda a sexta-feira, das 9h às 22h; e aos fins de semana, das 10h às 22h)
Local: Parque Municipal Max Feffer
Endereço: avenida Senador Roberto Simonsen, 195, esquina com a avenida Brasil, no Jardim Imperador
Acesso: Aberto ao público, com entrada franca em todas as atividades.