Babel, embora seja, reconhecidamente, um dos mais brilhantes representantes do jornalismo literário da geração dos nascidos na década de 1880, teve sua obra ficcional muito prejudicada pelas vicissitudes da vida.
Abraçou precocemente o marxismo e dedicou-se a escrever contos sobre a vida no gueto judaico de Odessa. Seu apogeu literário ocorreu nos anos 1920, com a publicação dos “Diários de Guerra”, que, posteriormente produziram o clássico “A Cavalaria Vermelha”. Nos tempos de Lênin e Lunascharski, havia mais liberdade de expressão dentre os comunistas. Em “A Cavalaria Vermelha”, Babel cria personagens prototípicos do futuro.
Poucos artistas souberam tratar de modo tão real e tão completo, fragmentos do real como fez o gênio de Babel. Foi voluntário na Primeira Guerra, depois esteve presente nos combates de 1917 para a implantação do socialismo. Na Guerra Civil juntou-se ao único agrupamento de cossacos que permaneceu no Exército Vermelho, a Cavalaria Vermelha de Budiene.
Com o final da Guerra Civil, serviu nos quadros do serviço secreto Tcheka, sob as ordens diretas de Dzerzisnki e na qualidade de tradutor participou de interrogatórios e execuções de contrarrevolucionários. Integrou-se também ao Comissariado para a Educação, onde aportou contribuições moderníssimas para as normas de administração escolar.
Por todos os serviços prestados foi, no início da década de 1930, condecorado com o título de “Defensor Vitalício da U.R.S.S.”.
Passou a colaborar com Sergei Eisenstein e trabalhou em diversos roteiros para filmes de propaganda soviética, dentre eles “Encouraçado Potenkin”.
Foi duramente criticado no Congresso de Escritores Soviéticos, de 1934, o mesmo encontro que estabeleceu a política do “realismo socialista”, por publicar muito pouco. Babel observou ironicamente, que estava se tornando “mestre de um novo gênero literário, o gênero do silêncio.”
Na morte prematura de Gorky, em 1936, Babel expressou dúvidas sobre a causa oficial da morte por pneumonia do amigo e chegou a comentar: “Agora eles virão até mim”. Apesar de sua longa folha de serviços e sua lealdade ao Partido, foi preso após a queda e prisão do temível Nicolai Yagoda.
Seu processo e julgamento ocorreram entre 1939 e 1940. O fuzilamento, ordenado por Stalin, em janeiro de 1941.
O rico manancial criativo que veio à tona com a Glasnost, serviu de base para um romance de Rubens Fonseca: “Vastas emoções e pensamentos imperfeitos”.
Convidamos à leitura de nosso ensaio.
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