Em abril, o Projeto Criança e Consumo, do Instituto Alana, fez uma denúncia formal ao Conar (Conselho de Autorregulamentação Publicitária) a respeito de uma campanha do McLanche Feliz veiculada durante trailer da animação infantil “Rio”. A justificativa da denúncia apontava para a violação da empresa ao seu próprio código de ética e ao acordo de autorregulamentação firmado pela indústria alimentícia junta à ABIA e à ABA em 2009. A resposta do Conar arquivando o caso veio quase dois meses depois, quando a publicidade já tinha saído do ar. A gravidade do episódio, porém, não está na decisão e na morosidade do Conselho e sim no conteúdo do parecer, assinado pelo relator Enio Basílio Rodrigues e acolhido por unanimidade por duas câmaras da entidade.
Em resposta, o Instituto Alana encaminhou carta formal repudiando a atitude do Conselho. A carta, assinada pelos advogados da ONG, diz: “o referido voto tem conteúdo extremamente ofensivo e atinge diretamente a imagem e reputação do Instituto Alana, por seu carácter difamatório e injurioso”. Entre as ofensas ao Alana, o relator do Conar se refere à ONG como “bruxa Alana, que odeia criancinhas” e “bruxa Alana — antroposófica, esverdeada e termogênica”.
Além de expor a indignação do Instituto Alana frente ao episódio, a carta informa que, a partir de agora, a ONG não enviará ao Conselho mais nenhuma denúncia relativa à abusividade das publicidades dirigidas a crianças. Ainda afirma que não reconhece mais a legitimidade da entidade para fiscalizar a ética na publicidade. “Diante da incapacidade do Conar de agir dentro dos princípios éticos, outra conclusão não há senão a de estarmos diante de um órgão corporativo, extremamente parcial, que antes de tudo defende interesses do mercado publicitário”, diz a carta.
O documento foi encaminhado para o Conar nesta semana. Cópias também foram entregues a ministros, deputados, senadores e outros representantes de governo, entidades e movimentos sociais.
Conar revisará decisão
Apesar de ter arquivado a denúncia contra o McDonald´s, o Conar enviou ofício ao Instituto Alana dizendo que reabrirá o caso devido à relevância do tema da publicidade dirigida a crianças.
Para o Alana, com essa atitude o Conselho reconhece que o parecer dado inicialmente extrapolou os limites da ética. No entanto, a proposta de reexaminar a denúncia está prejudicada, já que o comercial saiu do ar em maio.
http://consumismoeinfancia.com/2011/07/13/instituto-alana-nao-enviara-mais-denuncias-ao-conar/