“Negar os valores africanos é desqualificar a visão do mundo cultural e religioso, isso é negar o nosso direito de reivindicação a tudo o que nos foi tirado e espoliado ao longo da história do povo negro”, considerou Mãe Beata de Iemanjá -liderança religiosa e social, e importante escritora afro-descendente, de renome internacional, na segunda-feira passada, dia 7 de abril, na palestra sobre Lições Africanas para a Igualdade na Diversidade Humana: a questão da não-violência, no auditório da Central de Produção Multimídia na Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro -CPM/UFRJ.
Esta foi a participação do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON da UFRJ, na Semana Martin Luther King, promovida pela Associação Pas Atena, de São Paulo, com o apoio da UNESCO, e a quinta palestra do curso de extensão sobre Jornalismo de Políticas Públicas Sociais, uma realização do NETCCON em parceria com a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.
“Muitos falam de que o negro, por ser em maioria durante a escravidão, poderia ter se rebelado. Mas, por exemplo, a ginga é uma componente nova e muito importante da estratégia de resistência, como mostram diversos autores, entre eles Muniz Sodré, e que nos permitiu estar aqui hoje, falando e sendo escutados cada vez mais”, afirmou Conceição Evaristo, escritora afro-brasileira de renome internacional.
O negro no Brasil
Será que o povo negro só trouxe mazelas para o Brasil? – questionou Mãe Beata. “Hoje estou aqui, uma mulher negra nordestina, semi-analfabeta e não tenho medo de reivindicar os direitos que são meus e de meu povo. Creio que deve haver uma maior consciência e respeito no país que muito me orgulho de pertencer. Nós não precisamos ficar calados, sinto-me livre para gritar na hora necessária”.
Nascida em 20 de janeiro de 1931, em Cachoeira do Paraguaçu no Recôncavo Baiano, filha de Exu e Yemanjá, Beatriz Moreira Costa, Mãe Beata, atua há pelo menos vinte anos, a partir de seu Terreiro Ilê Omi Oju Arô, em Miguel Couto, Nova Iguaçu/RJ, em frentes sociais e ações afirmativas, em movimentos negros e de diálogo inter-religioso, pelos direitos humanos, contra a discriminação e a intolerância religiosa, a favor da cultura e da paz, pelo direito à educação e à saúde da população negra. Como líder religiosa, Mãe Beata participa ativamente em discussões sobre questões raciais, sociais e políticas, tendo maior atuação nas questões de gênero, com enfoque principal na mulher negra.
“Agradeço aos Orixás, e a minha Mãe Iemanjá, Olorum e Oxum para continuar lutando contra as desigualdades, o desmatamento das florestas e a poluição dos rios. Sem os elementos da natureza não há deuses africanos e não há vida”, finalizou Mãe Beata.
Mãe Beata, guardiã de uma arte oralizada
Sobre Mãe Beata, a escritora e ensaísta mineira, Conceição Evaristo -radicada no Rio de Janeiro desde os anos 70, também representante da cultura afro- considera que Beata é Mãe em todos os sentidos, “aquela que acolhe, que educa, que ensina.Temos que pensar as lições africanas que Mãe Beata pode nos oferecer”.
Conceição Evaristo cita o filósofo alemão Walter Benjamin que lamenta a morte do narrador, pois de acordo com este pensador, a arte de narrar perdeu o espaço, e houve uma perda da capacidade de transmitir essa experiência, a voz da sabedoria. Mas segundo Conceição, nas sociedades tradicionais marcadas pelas matrizes africanas a morte do narrador ainda não aconteceu, “o narrador se presentifica no cotidiano”.
E sobre Mãe Beata, a ensaísta afirma que “ela encarna aquele narrador que Benjamin supunha morto, e encarna a voz de um sujeito mulher negra narradora, a face do eu-narradora com vida, história e experiência. Mãe Beata traduz a voz em letra, ela é guardiã de uma arte oralizada. Ela reconhece o valor da escrita no interior da sociedade letrada”. Em suas narrativas, a líder religiosa e escritora apresenta a simbologia negra africana, a hibridez cultural, evoca elementos das etnias africanas, dados do imaginário português e do resto da Europa, além de influências indígenas.
Para Conceição, Beata transita no universo da oralidade e da escrita. “No texto oral, o ato de criação é anônimo e coletivo, é uma afirmação da memória coletiva e o ato de contar ganha esse aspecto coletivo”. Evaristo destaca um passado em que as mulheres não eram reconhecidas como autoras e, Mãe Beata, de acordo com Conceição, inaugura a voz da Mãe de Santo, a voz da experiência que é o sujeito de sua própria escrita”.
Igualdade na diversidade humana
“Quando falamos em igualdade na diversidade humana e no resgate à cultura africana, não queremos dizer o retorno a uma África mítica, mas trata-se de reconhecermos as sociedades indígenas e modos de vida que se caracterizam por uma aniquilação de nós próprios e do outro”, defendeu Conceição Evaristo. E ainda acrescentou que é preciso ter um olhar atento para a herança da africanidade impregnada na sociedade brasileira, “a idéia de brasilidade traz em si as lições de povos africanos”.
Para ela, as africanidades redesenham o projeto de país que apesar da presença forte da herança africana, o discurso acadêmico e o político deixou de lado muito tempo. “Não há como negar a importância dos africanos e descendentes na construção deste país”. Este olhar para o passado histórico e para o regime de opressão requer algum tipo de resposta, e de acordo com Conceição, não há o objetivo de responder com ódio, mas com ternura e com atitudes para reconstruir a nossa humanidade. “Cria-se um mito de que no Brasil houve uma escravidão benevolente, mas no entanto, os africanos é que responderam com ternura a esta violência”.
A escritora e descendente afro destaca que a história africana tem uma função pedagógica. “Sua produção escrita surge na dinâmica cultural de um povo que existe na dinâmica do saber. Beata representa a luta pelo direito à fala e à vida, ela é fonte de transmissão de um imaginário na realidade brasileira, e tem a preocupação em deixar para as gerações futuras um legado. A escrita de Beata está no campo da literatura em que as mulheres negras têm pouquíssima visibilidade”.
Conceição acredita que a literatura fornece uma compreensão de mundo, e que isto, por si só, é um ato subversivo “se pensarmos que a escrita brasileira está confinada a uma camada social com alto poder aquisitivo”.
Para Adailton Moreira Costa, coordenador do Instituto de Desenvolvimento Cultural do Terreiro Ilê Omi Oju Arô, e filho de Mãe Beata, “a condição de escravidão existe até hoje na sociedade brasileira. Nós vivemos numa sociedade patriarcal e machista em que o gênero feminino tem um papel secundário. A mulher na cultura africana representa a manutenção de costumes, o papel fundamental de mantenedora dos valores, elas têm grande importância na construção de uma identidade. É a mãe que cuida da prole, socialmente falando, que luta por direitos e por política de ações afirmativas”.
Adailton estuda Ciências Sociais na PUC-Rio, pesquisa cultura negra e coordena o Instituto de Desenvolvimento Cultural -INDEC. Adailton acredita que é possível levar um novo olhar no que se refere às diversidades e especificidades da cultura a população brasileira, enfocando a população negra – “é a questão da representação, como é que podemos falar por nós mesmos e não através de outros”.
Para o Prof. Dr. Evandro Vieira Ouriques, coordenador do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, a matriz africana dá lições preciosas de não violência, exatamente por ser uma oposta a “da Filosofia Ocidental de entender que o homem se constitui na ruptura do continuum da natureza, e por isto o pensamento ocidental entende o homem como diferente da natureza. Não é à toa que mais de 2000 anos depois vivemos a presente e crescente crise socioambiental, na qual excluímos a natureza de nossa linguagem (e consequententemente de nosso projeto econômico-político) e excluímos assim nossos semelhantes, nossos irmãos e irmãs de um projeto de Sociedade que pode ser fundado na generosidade que é termos responsabilidade solidária uns com os outros”.
Neste ponto, o coordenador do NETCCON lembrou o exemplo da tribo Dagara, que vive na África Ocidental: “Entre eles quando um casal casa toda a tribo casa junto. Quando o casal tem então problemas toda a tribo acorre para ajudar. Entre nós quando casamos todo mundo vai para a boca livre, quando se tem problemas ninguém aparece até porque a vida de um casal é entendida dualisticamente como vida privada a respeito da qual ninguém tem nada a ver pois trata-se da liberdade individual…”.
“Ora”, prossegue Evandro, “esta é mais uma lição africana para o vigor da não-violência: como é possível mantermos a teoria social divorcidada da teoria sobre a economia psíquica? Se queremos prevenir e superar a violência precisamos fortificar uma economia psíquica da comunicação e da cultura, uma vez que estas são onipresentes em nossa sociedade, quando a distinção binária clássica entre Espírito e Negócios está dissolvendo-se face ao fenômeno crescente da culturalização da economia, ou seja dos negócios sendo organizados ao redor de valores que estruturam mundos nos quais as pessoas ficam aditas”.
O diálogo
Dessa forma Evandro Vieira Ouriques, que articulou esta mesa, assinala que honrar o princípio do diálogo e o respeito à diversidade para a superação do dualismo é fundamental: “Nós temos medo da união, medo de encontrarmos valores comuns que nos unam, pois temos a lembrança traumática de todas as grandes narrativas do mundo, como os da religião e do comunismo por exemplo, que acabaram por nos prender. Mas se caminharmos de maneira não-dualista, entendendo que não-violência nada tem de passividade, muito pelo contrário, aí estão os exemplos de Gandhi, de Martin Luther King, de Mãe Beata, dos negros em nosso país, isto é, não somos apenas diversos mas também iguais, no sentido de sermos semelhantes em muitas instâncias podemos construir hoje um mundo novo”.
Ainda de acordo com o pesquisador Evandro Ouriques, é preciso “superar o estado de prisão, desilusão, de iminência de colapso psicótico do qual a sociedade se defende pela adição à pseudo-comunidades e hábitos fechados (drogas, consumos, discriminação, ambição desenfreada), nós perdemos o contato com a Vida e com sua abertura para que a co-criemos. Entender que somos uma ruptura no continuum do que chamamos de natureza é uma opção extremamente grave que traz as nefastas conseqüências que estamos vivendo”.
Por fim, Evandro Vieira Ouriques questiona: “que civilização é essa que massacra o seu berço, que massacra a África de onde viemos, que massacra a antiga Mesopotâmia, onde criamos nossas primeiras cidades? Que autoridade tem esta civilização em querer impedir que a re-pensemos de maneira sistêmica, alterando os seus princípios filosóficos mais profundos, entre eles o dualismo? Afinal como sermos irmãos e irmãs, termos o vigor das políticas públicas, da responsabilidade socioambiental se não estamos atentos aos nossos sofrimentos e aos sofrimentos nossos irmãos? E porque pensaríamos nos outros senão pela generosidade que é a empatia que nos faz sentir o sofrimento deles, que assim passam a ser carne de nossa própria carne?”.
* Mãe Beata já participou em pelo menos vinte encontros, seminários e conferências sobre cultura Afro-brasileira, religiosidade, direitos humanos, educação e igualdade racial. Sua mais recente participação foi em 2005 no Congresso Internacional de Tradição e Cultura Iorubá, realizado na Universidade Estadual do Rio de Janeiro-UERJ, além de integrar o Conselho Estadual dos Direitos da Mulher no Rio de Janeiro.
Em 2000, a Fundação da Comunidade de Terreiro Ilê Omi Ojú Arô -Casa das Águas dos Olhos de Oxossi- comunidade na qual Beata é sacerdotisa suprema no bairro de Miguel Couto em Nova Iguaçu, comemorou quinze anos de atividades sócio-culturais e com a realização de oficinas de candomblé para não iniciados, universidades, escolas públicas, eventos culturais e turísticos. Ao longo de sua história de militância, Mãe Beata já recebeu moção honrosa de Resistência da Cultura, Religião, Cidadania e Dignidade da população Afro-brasileira da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro em 1991, além de ter sido Personalidade de Destaque da Comunidade Negra no mesmo ano, e em maio de 2005, a Medalha de Mérito Cívico Afro-brasileiro pela Universidade da Cidadania Zumbi dos Palmares, em São Paulo.
Em sua Comunidade de Terreiro, já sediou muitos encontros sobre Tradição dos Orixás e Religiões Afro-brasileiras (1989), além de participar em projetos sociais como o Ação e Viver que promoveu fóruns de debates sobre cidadania, e no Projeto Comunidade Solidária capacitando profissionalmente jovens carentes da Baixada Fluminense (1999). Desde 2002, Mãe Beata estabelece parcerias com a Ong Criola, que desenvolve projetos para mulheres negras, e com o Projeto Ató Ire de Saúde dos Terreiros, além de outros movimentos voltados para jovens como o Projeto Acelera Jovem em parceria com o Viva-Rio (2004).
* Conceição Evaristo é Mestre em Literatura Brasileira pela PUC-Rio, e doutoranda em Literatura Comparada pela Universidade Federal Fluminense-UFF. Conceição Evaristo investiga pontos de diálogo entre a literatura brasileira afro-descendente e as literaturas africanas de língua portuguesa. Desde os anos 1990, a escritora entrou no cenário da literatura ao publicar contos e poemas na série Cadernos Negros, uma antologia editada anualmente pelo Quilombhoje de São Paulo, um grupo de escritores afro-brasileiros reunidos desde 1978. Além de participar de eventos no meio acadêmico sobre literatura afro-brasileira, Conceição Evaristo tem marcado a sua presença nos movimentos sociais, e na luta pelas causas dos afro-descendentes. Conceição Evaristo é autora do romance Ponciá Vicêncio, Belo Horizonte, 2003, com uma 2ª edição em 2005. Evandro considera que “Conceição Evaristo é uma grande, senão a maior escritora afro-descendente do Brasil.
Esta disciplina, oferecida aos alunos da Universidade e à Sociedade em geral, é resultado do convênio entre o Programa Acadêmico do Núcleo de Estudos Transdisciplinares de Comunicação e Consciência-NETCCON/ECO/UFRJ, coordenado pelo Prof. Evandro Vieira Ouriques, e a Agência de Notícias dos Direitos da Infância-ANDI.
O Programa Acadêmico do NETCCON dedica-se às relações entre a mídia, a ética e a não-violência (no sentido de luta sem violência), tendo em vista o vigor da experiência de comunicação, da auto-construção da cidadania e da responsabilidade socioambiental na Mídia, na Política e nas organizações. Neste sentido o NETCCON criou e vem oferecendo há três anos consecutivos também a disciplina Construção de Estados Mentais Não-violentos na Mídia.
O Programa Acadêmico do NETCCON visa: Prover a Sociedade, sob a perspectiva das Ciências da Comunicação, com estudos e metodologias de prevenção e superação da violência, que contribuam para o salto de qualidade: (1) na cobertura midiática das Políticas Sociais e em sua gestão pública; (2) nas políticas e estratégias de Comunicação para a Responsabilidade Socioambiental; e (3) no padrão ético (“voz própria” e “vínculo”) do trabalho de presença e colaboração nas Redes e Organizações. O NETCCON criou e oferece também a disciplina Comunicação, Construção de Estados Mentais e Não-violência, e está criando a disciplina Comunicação e Responsabilidade Socioambiental. Maiores informações sobre o NETCCON podem ser obtidas através de evouriques@terra.com.br.
Conheça mais sobre a disciplina aqui:
http://informacao.andi.org.br:8080/relAcademicas/site/visualizarConteudo.do?metodo=visualizarUniversidade&codigo=6
Palestras a serem realizadas em 2008/1:
Semana 6 (14/04): O Paradigma do Desenvolvimento Humano como orientador da cobertura.
Palestrante: Flavia Oliveira (O Globo)
Semana 7 (28/04): Orçamento nacional: As possibilidades de intervenção e orientação para o social.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)
Semana 8 (05/05): O desafio de aumentar a presença das políticas públicas na grande imprensa.
Palestrante: Bia Barbosa (Intervozes)
Semana 9 (12/05): A cobertura das políticas públicas na área da Educação no Brasil.
Palestrante: Antônio Góis (Folha de S. Paulo)
Semana 10 (19/05): Cobertura de qualidade em meio à violência estrutural: A força política da não-violência e a responsabilidade dos atores sociais e dos jornalistas.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)
Semana 11 (26/05): A Questão das Políticas Públicas Sociais e a Mídia Contra-hegemônica.
Palestrante: Paulo Lima (Viração)
Semana 12 (02/06): A Comunicação criada pela Periferia no Rio de Janeiro.
Palestrante: Prof. Augusto Gazir (Observatório de Favelas e ECO.UFRJ)
Semana 13 (09/06): O paradigma dos Direitos da Criança e do Adolescente: A Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança e o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Palestrante: Wanderlino Nogueira Neto (ABONG)
Semana 14 (16/06): A Mídia e a Questão das Políticas Públicas Sociais no Brasil.
Palestrante: Guilherme Canela (ANDI)
Semana 15 (23/06): O Paradigma da Diversidade Cultural.
Palestrante: Profa. Sílvia Ramos (CESEC)
Semana 16 (30/06): Jornalismo prospectivo e o futuro das políticas públicas sociais como pauta.
Palestrante: Rosa Alegria (NEF-PUC/SP, NETCCON.ECO.UFRJ, Millennium/UNU)
Palestras já realizadas em 2008/1:
Semana 1 (10/03): Interesse, Poder e Dádiva: a questão do domínio dos estados mentais e da generosidade na positivização da rede de comunicadores-cidadãos.
Palestrante: Prof. Evandro Vieira Ouriques (NETCCON.ECO.UFRJ, NEF.PUC.SP)
Semana 2 (17/03): A Violência que Acusa a Violência: a degradação de Si e do Outro através da Mídia.
Palestrante: Prof. Michel Misse (NECVU.IFCS.UFRJ)
Semana 3 (24/03): A Abordagem de Temas Sociais junto a Públicos Não-iniciados: o Caso dos Jornais de Grande Circulação e Distribuição Gratuita.
Palestrante: Prof. José Coelho Sobrinho (USP)
Semana 4 (31/03): A desigualdade social no Brasil e os processos de formulação das políticas públicas sociais compensatórias.
Palestrante: Leonardo Mello (IBASE)