Frei Gilvander e a criminalização da mídia livre

Midialivristas de todo o Brasil e o movimento social estão pasmos com a notícia sobre o decreto de prisão do Frei Gilvander. Companheiro dos sem casa, sem teto, lutador, sempre ao lado dos movimentos sociais, sofre este atentado, em mais uma equivocada ação da Justiça brasileira. O juiz do município de Unaí, região Noroeste de Minas Gerais, decretou a prisão do padre Carmelita, assessor da Comissão Pastoral da Terra (CPT) e militante dos direitos humanos, Frei Gilvander Luis Moreira.
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” A divulgação de um vídeo produzido pelo Frei que denúncia o envenenamento da população da cidade de Unaí e região pelo abuso de agrotóxicos utilizados na marca “Feijão Unaí”, , foi usada como argumento para o decreto de sua prisão.

No vídeo, depoimento de uma trabalhadora de uma escola municipal de Arinos, cidade vizinha de Unaí, relata que o feijão foi enviado para a merenda escolar e que as cozinheiras não suportaram o mau cheiro e os sinais de veneno contidos no feijão, chegando, inclusive a passarem mal. Isso se repetiu várias vezes, chegando ao ponto de até descartar o feijão no lixo.

A cidade de Unaí é a campeã nacional em casos de câncer. Segundo os dados da Comissão Parlamentar da Câmara Federal, em Unaí há 1260 casos de pessoas com câncer por ano. A média mundial não ultrapassa 400 casos anuais para cada 100.000 habitantes. A cidade também é a campeã nacional em produção de feijão e de uso de agrotóxicos, uma verdadeira ameaça a saúde da população.

A prisão de Frei Gilvander se dará caso não retire de circulação o vídeo que faz essa importante denúncia, um verdadeiro ataque à liberdade de expressão e informação. Os diretores do Google e do Youtube estão respondendo a processo pela veiculação do vídeo.

Frei Gilvander é um grande companheiro da luta do povo pobre e por isso desperta o ódio dos poderosos. Em maio, por seu apoio à luta do povo por moradia e denúncia do despejo da Ocupação Eliana Silva e de outras comunidades sofreu dezenas de ameaças de morte. (Veja na entrevista ao Jornal A Verdade clicando aqui). Mas segue firme na luta contando com cada vez mais apoio das comunidades e das pessoas de luta, justas e honestas.”

Veja abaixo o vídeo que motivou o decreto de prisão de Frei Gilvander:
Publicado por Natália Alves, Belo Horizonte no site: http://averdade.org.br/2012/10/justica-decreta-prisao-de-frei-gilvander/

Um manifesto está sendo organizado com diversas entidades para denunciar a criminalização do Frei:

“Documento denuncia que Frei Gilvander teve a prisão preventiva decretada após denunciar, por meio de vídeo, grande quantidade de agrotóxico presente em feijão em Unaí

30/10/2012

Natasha Pitts

Adital

Mais de 50 organizações e atores sociais assinaram e estão divulgando por meio da internet e das redes sociais um manifesto contrário ao uso excessivo de agrotóxicos e contra a criminalização de Frei Gilvander Luís Moreira, padre da Ordem dos Carmelitas e militante dos direitos humanos no estado brasileiro de Minas Gerais.

O manifesto denuncia que Frei Gilvander teve a prisão preventiva decretada após denunciar, por meio de vídeo postado no youtube e em http://gilvander.org.br, a grande quantidade de agrotóxico presente em feijão produzido no município de Unaí, no noroeste do estado. No vídeo, intitulado “O feijão de Unaí está envenenado?”, são apresentadas informações passadas por usuários da marca, que afirmaram que o produto apresentava mau cheiro típico de agrotóxicos.
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O vídeo relata o caso do feijão que foi enviado para a merenda escolar de uma escola. Ao iniciar o preparo do alimento, as cozinheiras não suportaram o odor que exalava e algumas chegaram até a passar mal. Elas identificaram a presença de agrotóxico no feijão e o jogaram no lixo. O produto era da marca “Unaí”. Há ainda outros depoimentos de consumidores do produto relatando o mau cheiro.

Mesmo esclarecendo que não há uma narrativa de cunho difamatório, a empresa responsável pelo feijão processou Frei Gilvander e os responsáveis do Google e Youtube, assim como decretou a prisão preventiva do religioso caso o vídeo não seja retirado da internet em cinco dias.

“O Estado democrático de direito em que vivemos nos garante o direito de livre expressão e de informação, assim como o sagrado direito à saúde. Um vídeo como este que pretende alertar as pessoas para o cuidado com o veneno nos alimentos, chegou ao cúmulo de se transformar em um processo no qual a empresa alega ter sofrido ‘danos materiais’ e ‘danos morais’, de haver sido vítima de ‘difamação’”, aponta o manifesto.

Apesar da ameaça, seguro de que o vídeo não é ilícito, mas se trata apenas de uma reportagem, com informações e depoimentos, Frei Gilvander decidiu mantê-lo na internet. A mesma postura será seguida pelo site de vídeos Youtube.

Câncer

A recorrência do uso indiscriminado de veneno nos gêneros alimentícios produzidos em Minas Gerais está relacionada aos casos de câncer no estado. O manifesto cita um relatório da Câmara dos Deputados que afirma que “a incidência de câncer em regiões produtoras de Minas Gerais que usam intensamente agrotóxicos em patamares bem acima das médias nacional e mundial, sugere uma relação estreita entre essa moléstia e a presença de agrotóxico”. Não por acaso, em Unaí está sendo construído um Hospital do Câncer.

Informações apresentadas na Ausculta Pública realizada em Unaí pela Comissão Parlamentar e presentes no documento da Câmara Federal, apontam que já foram registrados cerca de 1.260 casos de câncer/ano/100.000 por habitantes na região, enquanto a média mundial não passa de 400 casos/ano/100.000 pessoas.

“Conclamamos apoio e ampla divulgação desse Manifesto, considerando que tal processo e decisão judicial é uma ofensa ao Estado democrático de direito, uma violação do direito fundamental de livre manifestação e de informação, assim como uma ameaça à saúde pública visto que o vídeo é um importante alerta não só para as pessoas que vivem na região de Unaí, MG, mas para toda a população brasileira”, conclama o manifesto.

Manifesto denuncia criminalização de Frei Gilvander”

Publicado em http://www.brasildefato.com.br/node/11039

Abaixo veja o vídeo polêmico de Frei Gilvander.

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