Franz Anton Mesmer, o primeiro dos psicólogos modernos, considerado por Freud um de seus inspiradores, tomou para si a sorte ingrata eternamente reservada aos que chegam antes do tempo, pois sempre os precursores são sacrificados nos templos da intolerância e do preconceito!
Homem de sociedade e amigo das artes era fabulosamente rico. Sua casa, o número 261 da Landstrasse, era considerada o mais seleto centro da arte e da ciência vienense freqüentada por Haydin, Mozart, Gluck, seu maior amigo e, posteriormente, pelo jovem Beethoven.
Estudara Teologia, tendo obtido o grau de Doutor em Filosofia. Não satisfeito, ingressara e concluíra o curso de Direito, antes de abraçar sua quarta faculdade, a de Medicina!
Mesmer tinha o espírito muito à frente do século XVIII, em que viveu! E isto será uma das bases da tragédia que sobre ele se abaterá com a força de um furacão.
Mesmer foi socialmente colocado ao lado de aventureiros, tratantes e farsantes, justamente aquele homem genial que seria uma das pedras angulares da moderna psiquiatria!
Em vão protesta bem alto o pensador Schopenhauer, que proclama ser o mesmerismo “a mais fecunda de todas as descobertas sob o ponto de vista filosófico, embora, de momento, apresente mais enigmas que soluções”.
Proibido de clinicar em Viena, fez enorme clientela de pacientes em Paris. Ameaçado com a guilhotina pelo terror da Revolução, retorna a Viena onde é acusado de ser aliado dos jacobinos. Todo seu patrimônio é confiscado pelo Império. Exilado na Suiça, pratica até a morte a medicina para quem não pode pagar.
O que Mesmer implorava aos seus colegas médicos e ao mundo acadêmico é que experimentassem os efeitos surpreendentes de um tratamento que se baseia em contatos humanos, conversas e na simples aplicação das pontas dos dedos.
E o que encontrara foi uma nova psicotécnica, precisamente o que não procurava! É esse novo universo que tardaria mais de um século para ser redescoberto: a psicoterapia, a partir de outro vienense: Sigmund Freud!