Imagem – Assembleia Mundial das Mulheres, no FSM 2018, em Salvador – Bahia
O palácio do planalto está ocupado de forma ilegítima. Jair Bolsonaro foi eleito a partir de uma fraude eleitoral baseada na corrupção entre Moro e operadores da lava jato e na divulgação de notícias mentirosas e na desinformação nas redes sociais. E governa a partir da disseminação do ódio, da subordinação ao governo americano e da dilapidação do patrimônio público e dos direitos duramente conquistados. Semeia o ódio e a violência cotidiana contra os mais pobres, as mulheres, lésbicas, gays e
trans, contra o povo negro e os povos indígenas. Com sua política de mentira e ódio, dilacera as relações cotidianas, massacra corpos, devasta almas. Como se fosse insuficiente, se dá ao desplante de vociferar seu escárnio contra vivos e mortos que lutam e lutaram pela democracia em nosso país. Basta! A democracia que tínhamos está muito longe da democracia que queremos, mas temos que defendê-la. Os movimentos sociais se levantam, mais uma vez, para denunciar e resistir: exigimos anulação das eleições e convocação imediata de novas eleições presidenciais, livres, e com direitos iguais de uso dos mecanismos de comunicação.
Neste momento de crise institucional no Estado brasileiro, o movimento feminista denuncia que tudo isso que está ocorrendo arrebenta do lado mais fraco, do lado daqueles e daquelas que já estão nas posições sociais mais dominadas e exploradas, e que são constantemente humilhadas pela verborragia de Jair Bolsonaro: as mulheres, o povo negro, os indígenas, a população LGBTI, pessoas encarceradas, a
classe trabalhadora, desempregada e todo mundo que já vive na miséria. Neste momento, não dá pra ficar esperando aonde vai dar, não dá pra confiar apenas nas expectativas pra 2020, não dá pra se deixar abater pelo medo. Precisamos manter forte nossa indignação, impulsionar nossa coragem e gerar uma onda arrebatadora de lutas sociais pelo fim deste governo.
Nós, da Articulação de Mulheres Brasileiras, junto com o movimento feminista em geral, denunciamos, ainda no processo eleitoral, o caráter fascista de Bolsonaro nas manifestações do #elenão, movimento massivo mobilizado nas redes sociais e que ocupou as ruas das principais cidades do país e alavancou o vira-voto. Nós denunciamos as ameaças sofridas com a constante usurpação da autonomia
sobre nossos corpos, quando nos levantamos contra a onda de maior criminalização do aborto, na audiência do STF, e fizemos o festival Pela Vida Das Mulheres, em Brasília. Nós somamos à luta contra a reforma da previdência, enfrentando o Congresso Nacional com o Tribunal de Mulheres, condenando o projeto e
denunciando seus prejuízos irreparáveis sobre nossas vidas. Nós, que estamos no dia a dia, acolhendo solidariamente a nós mesmas, mulheres pobres, periféricas, negras, arrimos de família, que vêem seus filhos assassinados pelo Estado ou os perdem para o tráfico e para as prisões… Se nos calarmos, as pedras falarão!
Estaremos nas ruas de Brasília dias 13 e 14 de agosto, apoiando e construindo a Marcha de Mulheres Indígenas e a Marcha das Margaridas. Neste momento de grande mobilização, somamos nossas forças aos outros movimentos sociais que, autonomamente, vão às ruas e exigem o fim deste governo. Os crimes da Lavajato já foram sobejamente comprovados pelas denúncias de The Intercept. As fakenews e
uso criminoso de algoritmos foi comprovado por todas as análises já feitas sobre o uso da internet nas eleições. Exigimos do Congresso Nacional e do STF que ajam, que resgatem a dignidade do país, que freiem a escalada autoritária em curso, que anulem o pleito eleitoral e convoquem novas eleições presidenciais.
Nem o Capitão, nem o Mourão, estamos nas ruas exigindo eleição!
Nenhum direito a menos! Democracia já!
Articulação de Mulheres Brasileiras, 01 de agosto de 2019