Em nota pública, a comunidade quilombola Marobá dos Teixeira denunciou no sábado (25) o ataque acorrido na noite anterior:”Por volta das 20 horas. três homens armados e encapuzados, chegaram à residência do casal, na comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira no município de Almenara. E eles estavam em um veículo Novo Uno de cor branca. Ao chegarem, chamaram os moradores pelos nomes e quando estes atenderam, acreditando que seria alguém conhecido, foram abordados por um dos homens, o qual afirmou que “graças a Deus” encontrou Jurandir, pois ele era um homem difícil de ser encontrado e já estavam procurando ele há dias.
“Inicialmente, torturaram a Maria Rosa (esposa do Jurandir e também é agente voluntária da Comissão Pastoral da Terra). Segundo ela, além de espancá-la, deram a ela alguma substância que parecia ter chumbinho dentro e quiseram obrigá-la a tomar, mas ela disfarçou e não engoliu. Além disso, ela foi obrigada a deitar no chão e foi coberta por um pano e insistentemente, perguntavam onde estavam as
armas.
“Enquanto isso, um deles procurou o Jurandir (presidente da associação da comunidade) e quando o encontraram, amarramno ao poste de energia elétrica e o espancara, e também tentaram enforcá-lo com uma corda, até ele desmaiar.
“Acreditando que ele estava morto, saíram e vasculharam a casa> Além de levar pertences da casa, levaram documentos da associação comunitária, documentos relativos aos processos administrativos e judiciais relacionados ao território.
“Acreditamos que isto esteja ligado ao conflito agrário ligado as lutas em defesa do Território. Em outros momentos, vários momentos de conflitos foram registrados, muitas ameaças já foram feitas, também agressão física e verbal. Muitas outras evidências nos levam fazer tal ligação.
“As burocracias, a morosidade e a omissão dos órgãos de governo e até a
morosidade do Judiciário, têm contribuído para acirrar o conflito.
“Diante do exposto, a Comissão Pastoral da Terra e a comunidade Quilombola
Marobá dos Teixeira vêm denunciar este atentado e exigir que seja investigado e punidos os responsáveis.”
A nota é assinada pela Comissão Pastoral da Terra – MG e a Comunidade Quilombola Marobá dos Teixeira.
Tensão denunciada
Há um ano, no dia 22 de março), a Comunidade Marobá dos Teixeira precisou fazeer uma ação de Retomada de uma parte do Território Tradicional, ocupando a Sede da Fazenda Marobá de Matrícula 1569.
A Comunidade tinha a posse da Fazenda Marobá via liminar cedida pela Segunda Vara Federal de Governador Valadares, desde dezembro de 2010. O Juiz Federal Hermes Gomes Filho, reconheceu que a posse da Comunidade era anterior ao documento apresentado pelos fazendeiros, determinando a reintegração. Mas a ordem foi cumprida apenas parcialmente pelo oficial de Justiça.
Depois de várias reivindicações, da comunidade, o Ministério Público Federal de Teófilo Otoni fez manifestações junto à Justiça Federal, pedindo novo mandato para cumprir a reintegração total do imóvel, mas esta não aconteceu. A última manifestação foi datada de 18/09/2015.
Na ocupação (foto), inclusive com a pesença da Polícia Militar ,o fazendeiro fez graves ameças, segundo a comunidade. Ele teria dito que, que se os quilombolas não o deixassem entrar, levaria os “homens” dele, o que foi entendido como levar pistoleiros para atacar os quilombolas.
À epoca, a Pastoral da Terra e a comunidade pediram divulgação e atenção ao caso, já que a situação era de tensão e e poderia a ficar pior.