Foto: Nerter Samora
Cerca de 40 integrantes da Brigada Indígena e do Diretório Central dos Estudantes (DCE) da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) tentaram ocupar o palácio da Fonte Grande, nesta quarta-feira (13), mas foram expulsos do local pela Polícia Militar e se concentraram nas proximidades. Eles cobram do Estado a garantia de que serão respeitados os direitos humanos dos índios e não os direitos patrimoniais da Aracruz Celulose, além de uma manifestação pública do governo no Estado sobre o caso.
Segundo os estudantes, os índios que ocuparam o Portocel, da Aracruz, foram agredidos por homens levados ao local pelo Sindicato dos Trabalhadores das Indústrias Extrativistas de Madeira de Aracruz (Sintiema), enquanto a Polícia Militar apenas assistia. Eles exigiram falar com algum representante do Estado.
Os estudantes cobram também uma posição clara do governo no que diz respeito à luta indígena. Do ministro da Justiça, Márco Thomaz Bastos, eles pedem a assinatura da Portaria de demarcação dos 11.009 hectares de terras indígenas que ainda estão em poder da Aracruz Celulose e que pertencem aos índios.
“O índio de volta à sua terra, é o que o estudante espera”, cantavam eles no encontro que tiveram secretário de Articulação com os Municípios, José Eugênio Vieira. Segundo José Eugênio, o governo não tem poder para interferir em um assunto que cabe ao governo federal, mas afirmou que a integridade física das partes envolvidas no conflito seria garantida a partir daquele momento.
Sobre a cobrança de uma posição concreta do governo estadual quanto ao conflito, José Eugênio disse que o governo está se empenhando para solucionar o conflito, mas assumiu que também é pressionado pela empresa.
Nesse momento os estudantes questionaram o que chamaram de omissão do governo diante dos conflitos entre os índios e a Aracruz e lembraram pronunciamento do governador em exercício Lelo Coimbra (PMDB), na Feira do Verde, de que os interesses da Aracruz Celulose são os interesses da sociedade capixaba.
Os estudantes foram barrados pela Polícia Militar no momento em que iriam subir para a sala do secretário José Eugênio Vieira, que prometeu emitir um parecer oficial do governo do Estado sobre o conflito entre os índios e a Aracruz Celulose e os índios de Aracruz. Alguns estudantes disseram ter sido ser agredidos pela PM.
Os estudantes prometeram que irão se manter acampados na frente do palácio.
Como tudo começou
O Investvale foi criado para que funcionários e aposentados da Vale do Rio Doce pudessem adquirir ações da companhia durante o processo de privatização, em 1997. Uma linha de crédito foi aberta pelo Banco Nacional de Desenvolvimento (BNDES) para a compra das ações, que não poderiam ser vendidas para o mercado externo, como forma de garantia do empréstimo.
Em 2003, os dirigentes do Investvale ofereceram aos funcionários da Vale do Rio Doce R$ 35,00 por título. Eles já possuíam a informação de que o banco liberaria a venda das ações ao mercado bem antes de 2009.
Os títulos ganharam valor e as pessoas denunciadas pelo MPF-RJ adquiriram ações que valiam cinco vezes mais em um curto período de tempo.