De Brasília
O movimento estudantil está em festa com a aprovação da emenda que garante 50% dos recursos do Fundo Social do pré-sal para a educação. Para os líderes estudantis e os senadores que asseguraram a aprovação da emenda, a matéria representa um momento histórico para a educação no Brasil. O projeto, ao sofrer alteração no Senado, será novamente votado na Câmara. A luta agora, segundo os dirigentes da UNE e Ubes, é garantir a aprovação pelos deputados e a sanção pelo Presidente Lula.
O presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), Augusto Chagas, lembra os três últimos dias de mobilização dos líderes estudantis junto aos senadores para pressionar pela aprovação da matéria. Chagas destaca que “o relatório do governo não definia prioridade nenhuma para os recursos, procuramos os senadores e acabou sendo unânime a nossa emenda.”
Para ele, a definição dos recursos para educação prioriza o que mais vai contribuir para o desenvolvimento do País. Ian Ivanovicht, presidente da Ubes, diz o mesmo, destacando que os recursos do pré-sal são finitos e devem ser destinados a setor estratégico.
“Tivemos um grande embate com a bancada do governo e oposição, que construíram junto com o líder do governo no senado, Romero Jucá (PMDB-RR), a proposta de colocar vários setores como prioridades – sete pontos como prioritários -, o que acabaria não priorizando nenhum de modo prático”, avalia Ian.
O senador Inácio Arruda, líder do PCdoB no Senado, confirma as palavras dos líderes estudantis; “As carências educacionais são apontadas como um dos principais gargalos ao desenvolvimento nacional. Sem maciços investimentos na universalização e na qualidade da educação básica, profissional e superior, não teremos cidadãos preparados para ampliar o parque científico e tecnológico nacional, incrementar a indústria e colocar o Brasil em condições de competitividade internacional”.
Dois novos passos
Após a aprovação da proposta, que eles consideram a maior conquista do movimento de juventude do Brasil depois da instituição do voto aos 16 anos, eles já se preparam para garantir a efetivação da vitória.
“Dois passos que demos que dar, anuncia Ian. “Faremos pressão juntos aos líderes partidários para aprovação do projeto na Câmara dos Deputados. “E junto ao Presidente Lula para que não vete”, complementa Chagas.
Eles querem convencer o Presidente Lula de que não existe segmento social que mais mereça recursos do que a educação. São todos outros importantes – Bolsa Família, Luz para Todos etc, mais investir em educação é investir nas futuras gerações, que terá resultado permanente com a geração do conhecimento, dizem em uníssono os dois dirigentes estudantis.
O mesmo argumento eles usarão junto aos deputados para garantir a aprovação na Câmara. Para isso, anunciaram que vão convocar uma “guerrilha virtual”, com os estudantes do Brasil inteiro enviando mensagens favoráveis a proposta para as caixas postais e twitter dos deputados para pressionar.
Nessa empreitada, eles dizem que contam com uma vantagem. A tática do governo é concluir a votação da matéria ainda este semestre. E, tendo o governo maioria na Câmara, fica mais fácil convencê-la da aprovação do projeto com as alterações feitas no Senado para acelerar o processo.
Bandeira única
Os líderes estudantis relembraram a luta de um ano do movimento estudantil em torno da bandeira dos 50% de recursos do pré-sal para educação, destacando que ela tornou-se prioridade para a gestão da UNE e Ubes. Em seguida, o tema foi levado para debate na Conferência Nacional de Educação, tornando-se prioridade para todo o movimento educacional do país.
Eles destacaram também o empenho dos senadores Inácio Arruda (PCdoB-CE), Fátima Cleide (PT-RO) e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE), que apresentaram a emenda e comandaram a articulação com os demais senadores, garantindo uma votação unânime a favor da proposta.