Encontro discute situação dos refugiados palestinos e ações unificadas

Foto: Aline Baker

Realizado entre 21 e 23 de março na cidade de Mogi das Cruzes, o Encontro Nacional das Sociedades e Movimentos Palestinos no Brasil discutiu ações unificadas em defesa da causa palestina, bem como o drama dos refugiados recém-chegados ao País. O evento foi promovido pelo Mopat (Movimento Palestina para Tod@s), com o apoio do Mandato Popular e Socialista Vereadora Inês Paz e da comunidade estabelecida no município paulista. Ao todo, representantes de cinco estados prestigiaram a iniciativa e apontaram a necessidade de os palestinos se organizarem e mobilizarem em âmbito nacional.

Em Mogi das Cruzes, 57 refugiados se instalaram e integram o grupo de 117 que ainda estava no campo de Ruweished, perto da Jordânia, antes da sua desativação ao final de 2007. O restante foi levado ao Sul do País. Palestinos que residiam no Iraque até a invasão estadunidense em 2003, alguns ficaram perto de cinco anos em barracas no meio do deserto. Ao virem para o Brasil, há seis meses, esse calvário foi interrompido, dando lugar às inúmeras dificuldades de adaptação e inclusão socioeconômica. Além disso, muitos têm que conviver com seqüelas físicas devido às péssimas condições de vida no campo de refugiados, ficando com problemas crônicos de saúde. No encontro, eles expuseram essas feridas abertas, que indicam o despreparo da organização responsável pela assistência a eles para lidar com a diversidade cultural e receber grupo que traz bagagem de vida tão intensa. Conseqüentemente, os refugiados se sentem abandonados, como enfatizou o palestino Walid Tamimi, um dos recém-chegados – o qual, ao longo dos seus 40 anos de vida, migrou de lugar para lugar no mundo árabe, antes de se instalar no Iraque, acumulando cinco documentos de refugiado, “em vez de diplomas”. A principal demanda é por trabalho digno e o temor é quanto ao futuro incerto dos jovens. “Esperamos que os ajudem a encontrar oportunidades. Queremos construir nosso amanhã e não incomodar ninguém.” Para conhecer a fundo as necessidades da comunidade em Mogi e, a partir de então, buscarem-se soluções, dois jovens presentes ao encontro se dispuseram a acompanhar os refugiados por 15 dias e listar suas reivindicações específicas. A vereadora local Inês Paz (PSOL) destacou que sua cidade teve a oportunidade de receber os palestinos e colocou seu mandato à disposição.

Debates

O encontro abrangeu também exibição de filmes sobre a questão palestina e a discussão da cobertura do tema na mídia brasileira, o cerco a Gaza e ações unificadas no Brasil para lembrar os 60 anos da Nakba (catástrofe) e lutar pela não-ratificação do Tratado de Livre Comércio Mercosul-Israel. As mesas-redondas tiveram a coordenação de membros do Mopat.

Os debates revelaram algumas verdades inconvenientes ao imperialismo e ao sionismo: a mídia tenta mostrar que o Estado de Israel e a Palestina ocupada são forças iguais, o que está longe de ser verdade, e mudar a imagem distorcida apresentada diariamente pelos jornais, rádios e canais de televisão passa pela democratização da comunicação; resistência não é terrorismo e essa pecha não serve para denominar aquele que defende sua terra; nenhum império dura para sempre; e todo refugiado tem direito ao retorno, segundo reconhece a própria ONU (Organização das Nações Unidas). Além disso, a nova organização que surgiu em São Paulo, como constatado na ocasião, mostra que o primeiro-ministro de Israel quando da criação do Estado ocupante em 1948, Ben Gurion, estava errado ao afirmar: “Os velhos morrerão, os jovens logo esquecerão.” A identidade palestina permanece viva através das gerações.

One thought on “Encontro discute situação dos refugiados palestinos e ações unificadas

  1. Encontro discute situação dos refugiados palestinos e ações unificadas
    Estamos atuando na defesa dos interesses do grupo de palestinos em situação de refugio ( reassentamento) em Brasilia que exigem respeito e dignidade.

    Solicitamos apoio e divulgação das demandas e das resistências da entidade ACNUR e Caritas Brasileira, bem como da omissão do Governo Brasileiro – CONARE, em apresentar soluções definitivas e informações transparentes sobre as ações de assistência e integração dos refugiados.

    Consideramos que cada palestino que chegou ao Brasil é singular e suas demandas ou sua dimensão humana não pode ser tratada de maneira global e indistintamente.

    acessem para maiores informações o endereço eletronico seguinte:

    acampadosnoacnur.blogspot.com

    Frente Independente pela autonomia dos refugiados
    Instituto Autonomia – Brasilia – Distrito Federal – 10.09.2008.

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