As atividades da Mineradora MBR – Mineração Brasileira Reunidas, foram paralisadas nesta manhã, quarta-feira, dia 7 de março de 2007, na região Metropolitana de Belo Horizonte, por cerca de 600 mulheres sem terra, atingidas por barragens, quilombolas, geraizeiras, indígenas, camponesas, agentes de pastorais e estudantes. As mulheres trancaram a pista de saída e entrada dos caminhões de minério de ferro, formando imensas filas de caminhões.
O governo Aécio Neves, imediatamente enviou um grande aparato repressor, com cerca de 14 viaturas da polícia militar, um helicóptero, 10 motos e um caminhão da tropa de choque. A polícia chegou atirando sobre os manifestantes, uma mulher foi ferida.
As mulheres da Via Campesina exigiram a presença do Presidente de MBR e um representante do governo do Estado de Minas Gerais, para tratar sobre as seguintes reivindicações e denúncias:
As mineradoras, que poluem as águas, degradam a natureza e ainda ceifam e desalojam a vida de inúmeras famílias quando as barragens cedem;
A privatização da Companhia Vale do Rio Doce, empresa avaliada por R$ 40 bilhões, e entregue ao sistema financeiro, como o banco Bradesco, por apenas R$ 3,7 bilhões, sendo que o lucro da Vale nos primeiros anos supera os R$ 10 bilhões;
O agronegócio, que não quer a Reforma Agrária, produz os maciços homogêneos do eucalipto e pinus em terras públicas, manda matar fiscais do trabalho no exercício do seu ganha-pão e degrada o meio ambiente, como também a empresa V&M (Mannesman), cujos seguranças assassinaram o extrativista Joaquim Antônio, pela cata de pedaços de galhos no plantio de eucalipto, que seriam usados no fogão a lenha;
O latifúndio, que promoveu o massacre de cinco trabalhadores rurais sem terra, que ocupavam terra devoluta no município de Felisburgo;
A Central Elétrica de Minas Gerais (Cemig) que cobra a tarifa de energia elétrica e o ICMS mais caro da população, enquanto as empresas são subsidiadas. Por isso, há uma campanha pelo Projeto de Lei de Iniciativa Popular Dom Luciano Mendes de Almeida, reivindicando a isenção de 100 kwh/mês para todas as famílias pobres de Minas Gerais;
O projeto de transposição das águas do Rio São Francisco em detrimento das experiências populares de convivência com o semi-árido;
O domínio imperialista estadunidense, representado pelo presidente George W. Bush, que desrespeita os direitos humanos com a promoção da guerra, desrespeita a legislação ambiental internacional ao rejeitar o tratado de Kioto, ao mesmo tempo em que suga as riquezas naturais e tecnológicas e subordina os países pobres ao pagamento da dívida externa.
Após horas de tensão e resistência das mulheres da Via Campesina, compareceu ao local do confronto o Dep. Estadual Pe. João – PT; e Manuel Costa – Secretário Estadual de Reforma Agrária, que se comprometeu a participar de uma audiência pública, à tarde no Estádio do Mineirinho, onde as mulheres realizam desde ontem o I Encontro Estadual das Mulheres da Via Campesina de Minas Gerais.
O encontro das Mulheres da Via Campesina prossegue na tarde de hoje com a audiência e no dia 8 de março se juntam ao ato unificado do Dia Internacional da Mulher, que vai se concentrar às 13h, na Praça da Estação.