Liev Tolstói, autor de “Guerra e Paz” e “Anna Karenina”, nos legou um material literário precioso, cujos princípios da “banalização do mal” encontrados por Hanna Arendt ao analisar o caso do criminoso nazista de guerra, Eichmann, foram por ele descritos com precisão, mais de sessenta anos de antecedência, sob o autoritarismo do czarismo russo.
E como a literatura se espelha na realidade e a reflete! Nos dias de hoje, o maior assassino da Rota desfila sua “bravura” e impunidade pelas paginas da mídia social!
O conto de Tolstoi, denominado “Nicolas Palkine”, referindo-se a Nicolau I, czar russo (1825- 1855), tem o termo Palkine, originário de palka, em russo vara, que era “legalmente” utilizada com ponta de metal, aplicada em açoites e espancamentos, muitos deles até à morte de soldados, prisioneiros e até mesmo de suspeitos de crimes banais.
“Morria porque apanhava e as autoridades escreviam no prontuário: morreu pela vontade de Deus”.
Mais de sessenta anos após a publicação de “Nicolas Paukine”, a filósofa Hanna Arendt analisou o caso do criminoso de guerra Adolf Eichmann, preso em Israel e acusado de comandar genocídio em campos de concentração nazista na Segunda Guerra Mundial.
Eichmann carecia inteiramente do senso de ser, tal qual o velho soldado. Ele ficava perturbado com temas emocionais de agressão, tal qual o Sargento quando o narrador questionava-o sobre os massacres por ele praticados. Tal e qual o velho Sargento, era um funcionário calmo, “bem equilibrado”, imperturbável, desempenhando seu trabalho de forma burocrática, às vezes com pequenos deslizes de ordem sádica.
Arendt conclui que o foco real na vida de um destruidor “talvez não seja a destruição como tal, mas a imposição da ordem e a uniformidade em tudo”.
O Sargento Roberto Martinez, apontado como um dos maiores matadores da Rota, unidade de elite da Polícia Militar de São Paulo, foi acusado por pelo menos 45 homicídios conhecidos e diferentes atos de barbárie e crueldade. No século XXI, o velho Sargento, tal qual o de Tosltoi, ostenta com muita “honra”, nas redes sociais, uma espécie de “lista da morte” de suas vítimas conhecidas.
Martinez foi protagonista do caso “Rota 66”, livro de autoria de Caco Barcellos. Este velho Sargento, foi expulso da P.M. em 1986, depois do assassinato de dois adolescentes no lixão de Diadema.
Convidamos à leitura de nossa crônica.