EU MUDEI – Eu Tinha Medo da Morte
Desde que me dei por gente, lá na minha terra-mãe, Itararé, Cidade Poema, sul do Estado de São Paulo, divisa com o Paraná, sempre tive um horrível medo da morte. De família protestante, aquela do “Deus castiga”, e eu, que tinha sido criado com a máxima de que tudo na terra – a perfeição da orquestra da natureza – era obra universal do Criador, ao ter uma morte em família, fiquei naquela de “se for pra destruir, pra que é que fez?” Traumas. Neuras. A infância amargurada. O medo da morte piorou. Nem havia mesmo muito sentido em viver, família pobre, origem humilde, periferia carente, aquilo era terrível.
A partir daí, com minha sensibilidade, comecei a precocemente escrever poemas no curso primário do Grupo Escolar Tomé Teixeira. Hoje colaboro com mais de 500 sites. Mas a vida vai nos limando, tirando lascas, a dor vai nos melhorando, as perdas vão mexendo com estruturas íntimas; visões revistadas, até que um dia eu saí-me de mim. Estava no “alto” (o espírito), e via-me deitado na cama, respirando normalmente. Então compreendi que a finita vida corpórea era uma, e que, sim, havia uma outra vida, talvez um novo céu e uma nova terra, dos Evangelhos.
Vim ganhando e perdendo pela vida. Estudei, venci, lancei livros, ganhei prêmios como escritor, venho realizando todos os meus sonhos, claro, acreditando sempre em Deus, até porque, se com ele somos tão poucos, imaginem sem Ele. A terra no espaço é um micro grão de mostarda. Imagine um ser humano, uma pessoa, um passageiro lusonauta. O eterno aprendizado da vida. Com tantas lutas, com tantos estudos (e quanto mais estudo mais descubro que tão pouco sei), passei a entender que morrer era mesmo um descanso, um fim de ciclo.
Afinal, ser eterno nessa dimensão atrasada deve ser um castigo. Ora, uma semente cresce, vira árvore, dá flores e frutos, fica velha e morre, por que o nosso corpo nesse mundo – que às vezes é um inferno – teria que se perpetuar?. São Paulo dizia: Morte, onde está a tua vitória? Há um Deus. Hoje, mudei, não tenho medo da morte, escapei dela por varias vezes, às vezes chego a pensar que é ela quem tem medo de mim. Quando olho para trás, vejo as conquistas que tive como um determinado com resiliência, então me lembro que da vida só levamos mesmo, o amor que deixamos. Um livro, uma árvore, um filho, um rol de amigos, uma história, um rol de mudanças. Mudar é evoluir. Então concluí, poeticamente: “Somos Todos Sementes. Quantos de Nós Serão Flores e Frutos, e Recriarão, Para Sempre, a Eterna PRIMAVERA”.
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-Poeta Silas Correa Leite, Escritor Premiado em Verso e Prosa, São Paulo-SP
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(Um dos dez melhores do UOL em 2008)
Teórico da Educação, Jornalista Comunitário, Conselheiro em Direitos Humanos (SP), autor do livro Campo de Trigo Com Corvos, Contos, Editora Design, Finalista do Prêmio Telecom Portugal, a venda no site: www.livrariacultura.com.br