Considerações de Paulo Ghiraldelli sobre o PDE

Considerações de Paulo Ghiraldelli sobre o PDE

A formação de professores – O MEC não pára de errar.

O Plano de Desenvolvimento da Educação, o PDE não é propriamente um plano segundo Paulo Ghiraldelli, para o filósofo é uma colcha de retalhos, exagerado nas ambições, um pulverizador de recursos, e, ao mesmo tempo seus objetivos são vagos e mal redigidos, sua pedagogia é a proposta estranha vindo do grupo do “todos pela educação” que tem por base a idéia do “faça você mesmo”, tudo é jogado nas costas de “tal” comunidade, de acordo com Ghiraldelli ninguém mais poderia ir trabalhar caso essa idéia vingue, pois todos teriam de ir a escola para ajudá-la a funcionar, essa ficção chamada comunidade e não mais estado é vista como a real responsável pela educação publica.
Ghiraldelli ressalta que há coisas boas no PDE, como por exemplo, a intenção de articular as ações do governo federal com as dos municípios é algo interessante e correto, contudo, do modo como isso vem sendo feito, para ele há mais erros do que acertos até nas partes boas do PDE, uma das partes que o PDE quer resolver, mas não conseguirá segundo o filósofo, é a da formação dos professores do ensino básico, fundamental e médio. Sabemos que possuímos carência de professores no Brasil, e ao mesmo tempo os que estão nas salas de aula não estão conseguindo dar conta do recado, pois está claro que os alunos brasileiros estão significativamente abaixo dos níveis que esperávamos.
De acordo com Ghiraldelli, há erros básicos no PDE quanto à formação dos professores, e isso aparece no programa de apoio a planos de reestruturação e expansão das universidades Federais, o REUNI e em outras ações governamentais. O REUNI amplia vagas de licenciaturas nas universidades federais, além disso, o problema relativo aos professores do ensino básico é equacionado por duas medidas: bolsas para professores universitários para que estes colaborarem na melhoria da formação dos professores do ensino básico (fundamental) e treinamento e capacitação dos professores via universidade aberta do Brasil, a UAB. Que é um sistema de ensino a distância.Ghiraldelli indaga: Essas três medidas funcionarão? Ajudarão em algo? E ele mesmo responde: Não, justificando-se em seguida:
Segundo ele essas medidas seriam interessantes para um país em que os problemas a respeito da formação dos professores fossem problemas corriqueiros, defeitos de um sistema que no todo estaria funcionando. Não é o caso do Brasil, o que temos não está funcionando, portando ampliá-lo é jogar dinheiro fora. O filósofo define os seis pontos críticos na formação dos professores:
Primeiro, a licenciatura no Brasil de hoje se resume ao sistema de grade curricular, que é o de núcleo de conteúdo mais quatro disciplinas pedagógicas, o estudante universitário faz disciplinas básicas e depois mais quatro disciplinas ditas pedagógicas, e em geral são as seguintes: prática de ensino, psicologia da educação, didática e legislação.
Ghiraldelli ressalva que estamos nisso há anos e a maioria dos estudantes diz que isso não funciona, que não é desse modo que se formam professores, ampliar este erro que vem desde os tempos da reforma universitária, da ditadura militar é uma enorme bobagem.
Segundo: O MEC diz que vai incentivar um programa de bolsa de pesquisa para alunos das universidades que fazem licenciatura, sabemos que isso terminará com as cópias dos trabalhos de final de cursos, que infestam as universidades brasileiras tanto públicas como privadas, a licenciatura no Brasil precisa ser totalmente reformulada, e tudo que se faz em relação a melhora é encaminhado de maneira tosca, pois o problema encontra-se na forma como se direcionam estes cursos, em sua estrutura.
Terceiro: colocar professores universitários como se fossem bem formados para educar os professores do ensino básico é algo bem questionável, pois o estudante não se formou professor de modo satisfatório e foi fruto do trabalho dos professores que estão na universidade, e agora depois de formados voltarão a ter aulas com os mesmos que não os formarão bem? Ora se os professores universitários quando estavam com seus alunos em sala, ganhando os seus salários para ensina-los, não o fizeram, qual a razão para se acreditar que depois por meio de remuneração feita por bolsa irão conseguir fazer o que não fizeram em condições normais?
Quarto: Tentar tapar o sol com a peneira não funciona, mas é isso que a UAB faz, o professor do ensino básico que procura melhorar, não pode fazer cursos trabalhando e sem apoio presencial, acreditar que alguém que atua no ensino básico, com os salários defasados como estão, irá melhorar sua capacidade intelectual e pedagógica por meio do contado com o sistema virtual de ensino, que dificilmente pode chegar com eficácia aos lugares mais carentes não é algo que se deva fazer.
Quinto: Todas essas medidas não estão articuladas a um estudo da geografia do professorado brasileiro, há cidades onde existem muitos professores desempregados, bons professores e não retornam ao magistério por causa do salário ou fazem do magistério um bico, porque gostam de lecionar, mas não podem viver do mesmo integralmente, de fato há cidades onde há carência de professores, ora sem uma política que leve em conta mecanismos de realocação de mão de obra para o ensino básico, qualquer medida se tornará inócua.
Sexto: A questão da escola normal de nível médio: o Brasil não pode ficar restrito aos cursos de pedagogia para formar professores, esses cursos proliferaram demais e são muito fracos em todos os sentidos, torna-se necessária a reconstrução do sistema da escola normal de nível médio, mas agora em articulação com ensino superior, de modo a refazer e ampliar a experiência que tivemos em São Paulo com o CEFAN, aí sim a política de bolsas que o governo lula insiste em manter funcionaria.

Links interessantes:

http://moodle.mec.gov.br/mdl01/

http://portal.mec.gov.br/arquivos/pde/oquee.html

http://www.pde.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=2

http://www.cenpec.org.br/modules/news/article.php?storyid=12

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