Ato em solidariedade à Palestina pede fim do acordo Israel-Mercosul

Cerca de 300 pessoas participaram nesta sexta-feira (04/06) do ato realizado em São Paulo contra o ataque das forças militares de Israel contra a missão humanitária internacional conhecida como Frota da Liberdade, ocorrido no último dia 31 de maio. O ataque, que ocorreu em águas internacionais, foi desferido para impedir que a expedição, reunindo 750 ativistas de cerca de 60 países, em um comboio de seis embarcações, chegasse ao porto de Gaza, em território palestino sob controle militar israelense. A frota carregava dez toneladas de mantimentos, remédios e outros produtos essenciais destinados à população palestina de 1 milhão de pessoas que vive em condições subumanas na Faixa de Gaza. Não havia armas a bordo das embarcações; 19 pessoas morreram, vários foram feridos e ainda há ativistas desaparecidos.

Convocado pela Frente de Defesa do Povo Palestino, o ato se somou a manifestações que têm se multiplicado pelo mundo em repúdio a este crime brutal, que afronta as leis internacionais e os princípios mais elementares de humanidade.

“Este é o momento da comunidade internacional pressionar seus governos contra as atitudes de Israel. Em 2006, 1500 palestinos morreram nos ataques a Gaza. Agora, atiraram contra uma missão de ajuda humanitária internacional. Israel não consegue mais esconder seus crimes”, disse o palestino Hasan Zarif, do Movimento Palestina para Todos (MOPAT). A expectativa é que o Brasil contribua internacionalmente na pressão por punições contra Israel.

“Esperamos que o governo brasileiro no mínimo congele as relações com Israel, e tenha uma atitude mais enérgica para forçar o país a acabar com o bloqueio em Gaza”, explica Mohamed Sami El kadri, presidente da Associação Islâmica de São Paulo. “As relações devem ser congeladas até que Israel sente à mesa para negociar a criação do Estado Palestino”, acrescenta.

Governos como o da Turquia e Grécia já retiraram seus embaixadores de Israel. Mas a avaliação do movimento é a de que as respostas dos governos diante das ações sionistas, apesar de marcadas por eventuais endurecimentos retóricos, não têm trazido nenhuma ação concreta capaz de produzir resultados efetivos. Por isso, o MOPAT pede que o governo brasileiro cancele a visita do presidente de Israel ao país, prevista para o mês de agosto, assim como o Tratado de Livro Comércio Israel-Mercosul.

Audiência pública em Brasília

O deputado federal Ivan Valente participou do ato e defendeu as propostas do movimento. Na semana passada, o parlamentar, líder do PSOL na Câmara dos Deputados, apresentou requerimento à Comissão de Relações Exteriores para a realização de uma audiência pública sobre o tema em Brasília. A cineasta brasileira, Iara Lee, uma das sobreviventes do ataque, será convidada.

“O povo palestino é um povo que paga um preço enorme por este acordo de potências econômicas em torno da criação de um Estado artificial no Oriente Médio. Tudo para garantir o suprimento de petróleo para os Estados Unidos. Esta foi a razão da guerra do Iraque”, afirmou Ivan Valente. “O Estados Unidos é o país que sustenta Israel, barra as sanções no Conselho de Segurança, financia e garante o treinamento que promove o assassinato do povo palestino. É hora do rompimento do acordo Israel-Mercosul e de retirarmos nosso embaixador de Israel. Este país precisa entender o que é isolamento”, defendeu.

Na avaliação do vereador Jamil Murad (PCdoB), o ataque à flotilha humanitária isolou Israel internacionalmente. “Israel queria isolar o Irã e quem está isolado hoje é Israel. Ficou claro que quem é perigoso no Oriente Médio é Israel”, afirmou. “O país tem um histórico de agressões e assassinatos contra o povo palestino. Tentaram apagar inclusive a ideia da bandeira palestina, proibindo as pessoas de usarem roupas com suas cores. Mas não conseguiram. A Palestina não tem exército, mas tem um povo que morre lutando por sua liberdade”, concluiu Jamil Murad.

Na segunda-feira (07/06), a Frente de Defesa do Povo Palestino se reúne novamente na mesquita da Avenida do Estado para planejar os próximos passos do movimento. O objetivo é dar continuidade às ações da sociedade civil, que, através de manifestações massivas em várias partes do mundo, têm cumprido um papel decisivo para denunciar a atitude terrorista do Estado de Israel e a real situação de opressão a que está submetida a população palestina.

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