Quando ouvimos pessoas que realmente têm algo a agregar, conseguimos perceber o quanto perdemos tempo com outras, que se prevalecem do dom da oratória, para fazer da palavra moeda de mercado.
No dia 24, em Registro, no Vale do Ribeira, tive o privilégio de entrevistar nos intervalos do Entremundos – Povos e Comunidades Tradicionais do Brasil, Gersem Baniwa e Marcos Terena, sobre suas leituras da ECO-92 a Rio+20, além da indígena guarani Ywa Poti Mirim e do quilombola José de França, que falaram sobre suas identidades e modos de vida. Todos os depoimentos foram carregados de ricas experiências e serão apresentados aos meus alunos na área ambiental, para que possam ter o contato mais próximo com as falas originais de representantes das comunidades tradicionais brasileiras.
Na parte da manhã, a questão da identidade indígena foi o tema da mesa que reuniu Baniwa, Terena e Marcelo Manzatti, com discussões profundas e reflexivas, sobre as diferentes interpretações que permeiam o universo conceitual. No final, Terena homenageou os guarani, que são o povo indígena da região, e encerrou o painel, com uma oração, em sua língua…!
No dia 23, data de abertura do evento, a antropóloga Rita Segato falou sobre a necessidade de os indígenas poderem discutir a questão da remuneração feita pelo Estado, aos agentes de saúde e educação indígenas. Rômulo Miranda, do Fórum PR das Religiões de Matriz Africana defendeu mobilização contínua para promover a visibilidade. Dia 2 ocorrerá manifestação em Curitiba. E o antropólogo Aderval Costa Filho falou do desafio de transformar o Decreto 6.040, do ano de 2007, em lei.
O grupo Batucajé, por meio de contos regionais e da música com requintes de percussão, transmitiu aulas de educação ambiental à plateia.
´…Tem tempo de colher, tem tempo de plantar…
´…Deixe o caiçara ser feliz em seu chão…
…Anhangá é símbolo da sustentabilidade…
Alunos da educação municipal do município se encantaram com a maneira lúdica de ensinar.
A quilombola Antonilha, 72 anos, da comunidade São Pedro, em Eldorado, me concedeu uma entrevista com riqueza de autenticidade, durante intervalo do evento…
E ainda tive a oportunidade de conhecer a senhora Conceição Watanabe, 78 anos, em seu empório tradicional de Registro, que foi criado por sua família, desde a década de 20. Uma viagem ao túnel do tempo…Prateleiras e pisos antigos…Doces tradicionais de banana, que são uma marca do Vale do Ribeira…Encantador!
O conteúdo do encontro pode ser acessado no site http://www.ocarete.org.br/entremundos/