Singing in the rain não é apenas o musical divertido e glamoroso de Hollywood que o ministro da educação fez questão de estragar na memória de todos, já que não podemos desver a ridícula cena a que nós, os incautos, fomos expostos.
A cena do ministro nos remete a outro momento do cinema, em que a música também é utilizada: Laranja Mecânica, de Stanley Kubrick.
O protagonista, Alexander Delarge, lidera uma gangue e sua principal característica é a violência gratuita.
O filme, um clássico, nos reporta a personagens como esses que estão hoje no planalto. Delarge canta Singing in the rain enquanto comete seus atos de violência e barbárie.
Delirante, o ministro se acha autorizado a proibir a manifestação até de cidadãos pais dos alunos. Se sente em uma monarquia. Um bufão talvez.
Acusação ao Reitor da UFRJ quanto ao incêndio do Museu Nacional, leviana e irresponsavelmente e a proibição de que os Institutos Federais tenham sítios próprios são mais atos de violência arbitrária.
No caso do Museu age como se não houvessem relatórios e investigações com laudos conclusivos.
Quanto à nova proibição dos portais, pretende impedir não só a comunicação com a comunidade de alunos, como provavelmente inviabilizar diversas atividades administrativas, incluindo matrículas online e divulgação científica.
Em todo o Brasil, hoje, estamos reportando para o mundo o tamanho da nossa resposta ao governo fascista.
A faixa destruída em Curitiba, que defendia a Universidade Pública, não só foi reinaugurada, com pompa e circunstância, como foi também replicada em várias cidades do Brasil.
Trabalhadores e estudantes, aposentados e jovens. A resposta é imensa.
Ontem, uma quinta-feira, as ruas de 126 cidades em 26 estados brasileiros se manifestaram contra a barbárie autoritária.
O grito ecoa e a onda cresce.
Os atos pró-corrupção e anti-conhecimento do domingo passado não prevalecerão, nem o mundo vai tomar caminhos tão sombrios como aqueles da gangue no filme de Kubrick. Delarge, o personagem que hoje o ministro imita, termina o filme lobotomizado (por seus pares, os monopolizadores da violência).
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