O dia seguinte ao 13 de maio de 1888 é o dia que se revela e se fixa na história a sordidez de nossa classe dominante.
No Brasil não há riqueza que tenha sido construída sem o sangue do povo negro.
Não há luta que não tenha participação da população negra, mas fazer uma revisão histórica das lutas e conquistas da população negra brasileira é algo insano.
As narrativas construídas não têm foco na luta, mas num olhar perverso e doentio da classe dominante.
Das lutas contra a escravidão nas Américas, a mais vitoriosa foi a dos haitianos, que efetivamente chegaram ao poder. No nosso imenso território as vitórias foram pulverizadas.
A greve negra de 1857, objeto de estudo do historiador João José Reis, coloca em perspectiva outra história dos movimentos negros no Brasil.
A cidade de Salvador paralisada por três dias, por uma greve geral de trabalhadores negros libertos e escravizados, que conseguem reverter mais uma taxação, mais uma humilhação imposta pelos governantes aos trabalhadores de rua, os chamados escravos de ganho.
Base da acumulação primitiva do capital, base da nossa história, base das lutas de resistência e base da nossa sofisticada cultura, na música, nas artes visuais, na gastronomia e nas diversas ciências e tecnologias absorvidas.
A preguiça e a desumanidade do colonizador se arrastam até hoje pelos corredores do poder, procurando sempre atalhos a revogar qualquer dispositivo legal que possa significar um esforço mínimo, sempre criando novos mecanismos de acumulação e de locupletação, a premiar sua indolência.
O presidente eleito reproduz em seu discurso racista o que há de mais torpe nessa narrativa. E não fica no discurso. Diariamente uma medida para perda de direitos é proposta. Da extinção do Conselho de Segurança Alimentar à Reforma da Previdência, tenta-se o caminho de volta ao trabalho escravo.
Racistas e fascistas não passarão!
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