Diário Não Oficial do Brasil – Dia 88/365

“É incompatível com o Estado Democrático de Direito festejar um golpe de Estado e um regime que adotou políticas de violações”. Ministério Público Federal.

1. Hoje é o aniversário de Salvador, a primeira capital do Brasil, fundada em 1549. No golpe de 64 um político chamado Antônio Carlos Magalhães cresceu e enriqueceu muito. Graças a Antônio Carlos Magalhães a democracia na Bahia chegou bem mais tarde que no resto do país. Somente em 2007 tivemos um governo democrático. É verdade que o estado teve uma rápida janela entre 1986 e 1987. Chegando à Bahia por terra, por qualquer de suas fronteiras, você podia sentir o impacto instantâneo da pobreza. Sempre crianças famintas vendendo frutas ou trabalhando para cobrir os buracos das estradas, pedindo gorjeta aos motoristas. O trabalho infantil proliferava. Isso é parte da herança da ditadura militar que o presidente eleito quer comemorar.

2. A inflação chegava a três dígitos. Chegou a 243%. Às vezes o melhor investimento era em alimentos, que subiam astronomicamente. Nessa época, um dos empregos que exigia maior agilidade era o de rotulador de preços. As prateleiras de supermercados eram lugares de terror. O preço de alguns produtos subia três vezes ao dia. Comemorar inflação de três dígitos, só para o (Des)governo de um Mito(maníaco).

3. A gasolina, principal combustível do país rodoviário, subia assim que nem no governo de Bolsonaro. Toda hora. Acho que por isso ele quer comemorar.

4. A prestação da casa própria se tornava inviável logo no primeiro reajuste. Os salários não acompanhavam a inflação astronômica. A primeira atitude de Bolsonaro, como presidente, foi diminuir o valor do salário mínimo: ele deve realmente ser saudoso desse momento da história que quer comemorar.

5. Nunca saberemos verdadeiramente a quantidade de mortos e torturados. Não há o que comemorar. O presidente eleito agora recua, faz jogo de palavras com rememorar. Mas festejou Ustra. E comemorou. Entre os pares que o presidente eleito quer celebrar está Sergio Paranhos Fleury.

Para que não se esqueça, para que jamais aconteça:

CARLOS MARIGHELLA

Filiação: Maria Rita Nascimento Marighella e Carlos Augusto Marighella

Data e local de nascimento: 05.12.1911, Salvador-BA.

Data e local da morte: 04.11.1969, São Paulo-SP.

Carlos Marighella, militante político, sua primeira prisão em 1932; eleito em 1946 Deputado Federal Constituinte, pelo partido comunista, cassado pelo governo Dutra, entra na clandestinidade, preso novamente em 1936; em 1937 e em 1939, libertado em 1945.

Em 1969, foi morto em via pública na Cidade de São Paulo, numa emboscada com a participação de cerca de 150 agentes policiais, sob o comando do delegado do DOPS, Sergio Paranhos Fleury.

A Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, Lei 9140/95, após um árduo trabalho de investigação contendo depoimentos de militantes e ex-presos, médicos legistas etc., esclarece as circunstancias da morte de Carlos Marighella, concluindo que: “A morte de Carlos Marighella, não corresponde à versão oficial divulgada na época pelos agentes públicos”.

Os indícios apontam para a não ocorrência de tiroteio entre a polícia e seus supostos seguranças e indicam, também, que ele não morreu na posição em que o cadáver foi exibido para a imprensa. Carlos Marighella, afirma o parecer médico legal:

“(…) Foi morto com um tiro a curta distancia, depois de ter sido alvejado pelos policiais, quando já se encontrava sob seu domínio, e, portanto, sem condições de reagir.(*)

(*) texto do site da UESB, Ditadura na Bahia: Lista de Baianos mortos e desaparecidos na ditadura militar.

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