E a lama que acompanha o governo Bolsonaro se materializou em Minas e matou muitas pessoas. Pelo menos 200 empregados da Vale estão desaparecidos, mais 150 pessoas da região. Sete mortos. Não sei quantos feridos.
É verdade que a questão não começa com Bolsonaro, que o MP não cobrou a multa no caso Mariana, que a Vale saiu isenta do imenso crime ambiental que cometeu e que isso aconteceu no governo Dilma Rousseff e teve seu engavetamento cínico no governo Temer.
É verdade que as questões ambientais não foram bem resolvidas em nenhum governo. E que o pouco que se construiu foi resultado de muita luta dos trabalhadores e ambientalistas.
É verdade que o presidente eleito pronuncia impropérios sobre a parca fiscalização ambiental que o Brasil ainda possui, mas considerada abusiva para com os pobres empresários, como a Vale. Pensa, ainda, que questões ambientais são coisas da esquerda marxista.
É verdade que seu Ministro do Meio Ambiente representa o interesse das mineradoras, tendo sido condenado por improbidade ambiental e por favorecimento às mineradoras.
É verdade que o presidente eleito pensa que um crime ambiental dessa proporção “não tem nada a ver com o Governo Federal”, de acordo com o site de notícias UOL>
É verdade que a venda da Vale tornou as questões de mineração muito mais brutais, uma vez que ficou entregue ao famigerado “mercado internacional”, e o nosso papel nesse capitalismo global é de território de extrativismo, com mão de obra barata e condições de funcionamento precários. O nome disso é racismo ambiental. A mesma questão que está acontecendo com os territórios indígenas, no momento.
É verdade, também, que a Vale já impactava o meio ambiente e matava criancinhas desde tempos atávicos. (vide poluição em Vitória/ES e Porto Tubarão)
É verdade que isso tudo, esse crime, é pensado e planejado pelo capitalismo, radicalizado no ultraliberalismo, que o projeto bolsonaro representa.
Todas essas verdades estão bem longe das fakenews diárias desse projeto fascista. A questão real do capitalismo é esta, representada por Fabio Schvartsman, presidente da Vale, que vai sentir muito, tratar como uma fatalidade e seguir, cometendo muitos outros crimes. A máxima bandido bom é bandido morto, gritada pelo presidente, também não vai valer para esse cidadão. Mortos mesmos são os trabalhadores, os moradores da região, os índios pataxós hã-hã-hã que ficaram sem território.
É verdade que o presidente, que era parlamentar à época de Mariana, não pode mencionar que uzoutros não fizeram nada. Desconhecemos qualquer projeto ou sensibilidade da sua parte para apontar soluções.
Já que vemos diariamente tantos trocadilhos infames, fazemos o nosso: ao que parece a vida não vale nem mesmo a mais valia.
“Entre estatais e multinacionais quantos ais” (Drummond)
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