Dia 216/365 – De quantos lapsos se faz uma sentença

Imagem: Divulgação Greve de Fome http://frentebrasilpopular.org.br/noticias/greve-de-fome-renova-e-inspira-luta-por-lula-livre-6961/

1. A constante que vamos assistir nesse (des)governo é a violência. O uso da força pelo estado, ou pelos que estão à sombra do estado, é altamente estimulada e o que vemos é horror e arbítrio banalizados em um cotidiano de absurdos. A mentira se normaliza e se estabelece como método e a violência é o motor de todas as ações.

2. O Pará protagonizou o maior massacre de prisioneiros desde Carandiru e a força policial canta, orgulhosa, a decapitação dos presos. No momento seguinte outros quatro presos foram assassinados enquanto eram transportados para outras unidades prisionais. Forças policiais do estado que atuem como grupo de extermínio não é novidade na nossa história recente, e não é uma invenção do governo atual, mas é um mal que tende a crescer com o silêncio e a cumplicidade. No mesmo diapasão, as tentativas de intimidação em debates e reuniões públicas voltam a ser prática corrente, com destaque para a reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, em que elementos do exército ostensivamente filmaram as palestras com a clara intenção de gerar constrangimento. Em Manaus a polícia rodoviária federal se postou, armada, em uma reunião do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado do Amazonas, e em São Paulo a polícia de Dória, aquele que agora tenta se descolar do ex-capitão, se sente à vontade para invadir e intimidar reunião de mulheres do PSOL. Como consequência a população passa a se sentir autorizada e estimulada a adotar a violência em substituição ao debate ou à discussão saudável de ideias divergentes, a exemplo de uma mulher, numa academia em botafogo, no rio de janeiro, que julgou cabível espancar outra mulher porque tinha opinião contrária às suas em relação aos desatinos do síndico disfuncional.

3. E aqui só observando o grande modelo da bolsofamília, o país de Trump, e das armas liberadas para que “todos possam se defender”. Lá, 34 pessoas foram mortas e 53 ficaram feridas em três ataques efetuados em menos de uma semana, com armas de grosso calibre, por atiradores que nada tinham em comum a não ser o ódio. No primeiro ataque, segunda-feira passada, em San Francisco, Califórnia, um atirador de 19 anos matou quatro pessoas revoltado com alguma coisa difusa entre os altos preços cobrados em um festival e as “hordas de mestiços e brancos estúpidos do vale do silício” que frequentavam o evento. No segundo atentado, ontem, no Texas, morreram 20 pessoas, atacadas por um supremacista branco, e hoje, em Ohio, pelo menos mais 10 pessoas foram abatidas. Assustador. É preciso tomar uma providência antes que o síndico disfuncional e sua trupe nos conduzam a esse cenário.

4. Mas as coisas tomam rumo definitivamente estranho quando alguns juristas e procuradores consideram normais as conversas privadas entre um juiz e uma das partes em um processo. Esqueceram a Constituição cidadã de 1988, e sua importância para uma desejável normalidade da vida brasileira. Estamos à deriva.

5. E o ex-juiz, pseudo herói dos bons costumes, da ética e da luta contra a corrupção, cometeu um lapso e não declarou uma palestra que fez em 2016. Não apresentou os valores que recebeu nem os comprovantes da suposta doação para a caridade. De quantos lapsos é feita uma sentença?

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