Dia 213º/365 – A naturalização do descalabro e a banalização do ódio

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1. Chegamos a agosto, entrando no segundo semestre e o cenário fica cada vez mais assustador. Os números e as histórias que informam o que acontece no território brasileiro são escondidos ou transformados em versões de conveniência. A possibilidade de um acordo comercial, de concretização cada vez mais duvidosa, vira uma festa com comemorações nos panfletos a serviço do governo, ao tempo que os danos permanentes à economia e ao meio ambiente são maquiados por alguma pirotecnia ideológica. O discurso extremo tem o objetivo de nos ocupar em dar respostas a tão grandes absurdos enquanto naturaliza o descalabro e banaliza o ódio.

2. O projeto da direita de desmonte do país continua de vento em popa. O número de empresas que cerrou suas portas no país é enorme. 341 mil empresas, o mercado perdeu 3,7 milhões de empregos formais e o salário encolheu. Isso é um projeto, sem dúvida.

3. Vamos chamar atenção de novo para os números da desindustrialização. De acordo com Fernando Horta, em entrevista à TVT, só em São Paulo 2.700 indústrias fecharam as portas. O impacto disso sobre o desemprego é imenso. Enquanto isso abrimos mão de receita, distribuindo riquezas quase de graça e isentando impostos. Existe um projeto de miséria e de desemprego. Um projeto que reduz todas as nossas possibilidades à exportação de commodities. O síndico disfuncional fomenta o ódio e afirma que vai avançar sobre as terras indígenas porque as reservas inviabilizam os negócios do país, “o brasil vive de commodities”, afirma. “O que nós temos aqui além de commodities?” Enfim, é uma sinfonia, um arranca, outro esfola, e o terceiro exporta, tudo sob a regência do capital financeiro.

4. Os agentes do desmonte continuam operando. O papel do ministro da justiça foi fundamental para destruir alguns setores e o ministro da economia já encontrou o cenário propício para atuar e continuar o serviço. São teclas que temos que bater dia sim, dia não, porque as narrativas promovidas pela direita são tão fantasiosas que temos que nos lembrar da realidade diariamente. A quantidade de isenções dadas aos parças, liberando dívidas milionárias, é maior que os novos cortes no orçamento.

5. De acordo com o site da EBC, antiga empresa pública de comunicação e atual porta-voz do (des)governo, os novos cortes afetam principalmente a pasta da cidadania, que perdeu R$ 619,2 milhões. Em segundo lugar, vem o ministério da educação, com mais R$ 348,5 milhões bloqueados. Foram afetados ainda os ministérios da economia (-R$ 282,6 milhões), do Turismo (R$ 100 milhões), da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (-R$ 59,8 milhões); da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (-R$ 54,7 milhões); das Relações Exteriores (-R$ 32,9 milhões) e do Meio Ambiente (-R$ 10,2 milhões).

6. Assim vamos banalizando a eliminação de políticas públicas, as misérias e todas as formas de morte: de frio, de fome, decapitados, assassinados pela polícia, pelo exército, porque toda e qualquer forma de violência será absorvida e naturalizada, e será retratada num card ou num meme nas redes sociais, mimetizando e despolitizando essa enxurrada de violações cotidianas.

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