Dia 20 (385) – Ano 2 – O Punitivismo sensacionalista

Imagem: Vitor Teixeira

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1. O professor Vladimir Safatle afirma que o país é laboratório de um novo tipo de autoritarismo, a combinação de ultraliberalismo e violência. O ministro da justiça faz hoje uma reafirmação disso em uma cena ensaiada, travestida de jornalismo, num programa de televisão do PSDB. Provavelmente de olho na sua candidatura à presidência, em substituição ao ex-capitão, escolheu jornalistas e perguntas para um programa de campanha eleitoral antecipada em rede nacional. Foram excluídos jornalistas do sítio The Intercept Brasil e as perguntas serão dócil e convenientemente arranjadas. Talvez haja ali um professor de português para melhorar a conjugação verbal e o domínio de algumas palavras básicas do idioma. É provável que sejam expostas muitas convicções sem provas e esquecidos alguns assuntos, como o queiroz. O sítio The Intercept Brasil vai acompanhar e comentar ao vivo o programa eleitoral, no youtube.

2. O ministro da justiça do país trata, em pronunciamento raso no twitter, da fuga de prisioneiros brasileiros de um presídio no Paraguai: “Se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal”, escreveu. No mesmo twitter foi comparado pela imprensa a um “repórter policial sensacionalista troando clichê numa rádio AM qualquer”. Pelo twitter, com suas limitações tão adequadas ao momento atual, o ministro expõe o nível primário com que é tratada a questão da justiça e da segurança pública no país.

3. A revista Carta Capital debate o punitivismo e vigilantismo que assaltaram as políticas de segurança pública no país. A alta tecnologia aplicada ao reconhecimento facial, câmeras de vigilância, etc., não é acompanhada por um esforço equivalente de compreensão das causas, das questões sociais e estruturais subjacentes e suas dinâmicas, e de políticas públicas efetivas de ressocialização, além de treinamento adequado para o aparato policial em contraposição à violência e ao racismo. As prisões abarrotadas têm a função de escolas multiplicadoras do crime e os direitos dos presos são questionados por todos. A pena de morte, sem julgamento, já existe e é tratada com naturalidade pela população.

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