Imagens: Fernando Frazão/Agência Brasil – Anvisa
Sob o signo da mentira, da fome, da morte e da extrema violência.
Ano novo, segue o ano. Enquanto o dono de uma rede de lojas acusa a esquerda pelo incêndio de uma estátua de loja, réplica de outra estadunidense, que pode, inclusive, ter sido acidental, o ataque à sede do programa Porta dos Fundos segue uma investigação morosa. O jornal GGN publicou uma série de denúncias que relacionam o ataque à produtora do programa humorístico com uma associação de extrema direita, cujos membros se dizem integralistas, sob o lema “Deus, Pátria e Família”, que tem entre seus líderes um individuo já identificado como um dos autores do atentado, que é ex-dirigente da associação de guardadores autônomos de são Miguel e responsável por um estacionamento irregular e já condenado por agressão. É o mix já conhecido: o cidadão do bem que atua entre o fascismo e a milícia. Nada de novo no país da extrema violência.
Enquanto o gás de cozinha sobe mais uma vez, os agrotóxicos estão em alta na mesa do brasileiro, com 469 tipos liberados pela ministra do agrotóxico. O tradicional feijão com arroz está ameaçando o brasileiro de morte. A revista Carta Capital fez uma lista em que o feijão, o tomate, e o pimentão são as estrelas da contaminação, seguidos de laranja, goiaba, mamão, morango e uva.
A agricultura familiar, as populações indígenas e quilombolas, assim como o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, o MST, que protegem nascentes e produzem uma comida digna, orgânica e saudável, foram perseguidos de todas as formas, inclusive com incentivo ao assassinato, invasão de reservas e terras produtivas, e a destruição de lavouras. Foi uma das ações inaugurais do governo, já em 5 de janeiro de 2019 seguranças privados invadiram um acampamento no Mato Grosso, mataram uma pessoa e feriram outras oito. O chefe dos seguranças justificou o assassinato para a imprensa: “segundo Bolsonaro, são bandidos…” (Jornal Brasil de Fato).
A triste imagem da truculência do sindico disfuncional fica patente em uma praia da Bahia onde, para tirar uma foto, o violento ex-capitão torce o pescoço de uma criança e obriga a mãe a consertar o posicionamento do bebê, para a conveniência do registro demagógico que ele, racista, pretendeu, com a utilização de uma mãe e uma criança negras.
E assim seguimos, com um país apresentado em números inconsistentes por ministros validados pelo viés ideológico, alguns sendo processados por corrupção, outros com processos engavetados. De positivo, no fabuloso mundo da arte das palavras, mensagens de luta e esperança:
“É tempo de formar novos quilombos
em qualquer lugar que estejamos
e que venham os dias futuros, salve 2020,
a mística quilombola persiste afirmando:
a liberdade é uma luta constante”.
Conceição Evaristo
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