Foto: Protestos do #15M na Avenida Paulista
O ressonante fracasso das manifestações da direita neste domingo (26) deve ser compreendido à luz da nova conjuntura nacional, que teve nas mobilizações do dia 15 de março o seu momento de virada.
Para entender a nova conjuntura é preciso observar o deslocamento social e político muito progressivo que ocorreu nas últimas semanas. A classe trabalhadora deu um passo adiante, as mobilizações da direita foram um fracasso nas ruas, a pauta difusa em defesa da Lava jato cedeu espaço à luta contra Temer e suas medidas. Assim, o enfrentamento social contra as reformas neoliberais está hoje no centro do cenário político.
Esse novo momento político tem duas expressões visíveis. Por um lado, os esforços do governo e da grande mídia em convencer a população da Reforma da Previdência naufragaram. Cresceu o sentimento contra a reforma da previdência, a aprovação da terceirização causou indignação popular, muitos identificaram que o verdadeiro objetivo dela é o de penalizar duramente os trabalhadores e os mais pobres.
A classe dominante perdeu, portanto, a batalha pela opinião pública: as pessoas fizeram as contas da aposentadoria com as novas regras e viram o tamanho do golpe que sofrerão. A indignação e a raiva cresceram ainda mais com a aprovação, na Câmara dos Deputados, da lei que permite a terceirização irrestrita nos postos de trabalho.
Por outro lado, o dia nacional de luta ocorrido em 15 de março expressou a disposição dos trabalhadores e da juventude em lutar para derrubar a Reforma da Previdência. Foram entre 500 e 800 mil pessoas nas ruas, de Norte a Sul, em centenas de cidades, nas capitais e no interior. As paralisações atingiram o transporte público, fábricas, escolas, o comércio, a construção, entre outros setores. É importante notar que as greves e atos contaram com forte apoio da população, fato que nem mesmo a grande mídia conseguiu esconder.
Porém, ainda que a conjuntura tenha mudado favoravelmente, ao colocar em cena um movimento unitário de massas em oposição às Reformas e ao governo, a situação política mais geral do país segue caracterizada pela ofensiva da burguesia sobre as condições de vida e os direitos do povo trabalhador. Não por menos, poucos dias após as manifestações do dia 15 de março, o governo e os deputados conseguiram aprovar a lei da terceirização que pode enterrar de vez os direitos trabalhistas consolidados na CLT.
O principal desafio nessa conjuntura, em nossa opinião, passa em converter o impulso de luta gerado no último mês num processo massivo de resistência, que culmine em uma greve geral em abril. Por consequência, consideramos como prioritária, nas próximas semanas, a construção unitária da greve geral, pela base e com democracia, em cada local de estudo, trabalho e moradia, e com uso intenso das redes sociais.
Se a resistência mudar de patamar com o dia nacional de greve geral, estará colocada a possibilidade de derrotar as reformas e o governo Temer. Nossa tarefa agora é trabalhar na base, por um grande dia de greve geral. Vamos em frente, sem medo e com ousadia, afinal, os nossos direitos não podem esperar.