Para muita gente interessada no verdadeiro debate eleitoral, o jornalista Raimundo Pereira está ajudando a montar o mais interessante e triste dossiê do momento. O da mídia que manipula.
Ao apresentar sua segunda reportagem, “Veja-Globo, Contribuições ao dossiê da mídia”, a revista Carta Capital, em edição que está nas bancas, responde ao diretor da Globo, Ali Kamel, que não gostou da primeira, “A trama que levou ao Segundo Turno”, publicada na semana passada e com intensa repercussão na internet.
A investigação sobre a tentativa de compra, por pessoas do PT, de um dossiê contendo informações comprometedoras para o PSDB, vai rendendo informações a conta-gotas tornadas manchetes diárias no jogo midiático-eleitoral. São bombas sucessivas contra a inteligência dos eleitores e eleitoras do Brasil que, de tanta convivência com a manipulação da mídia, parecem estar aprendendo a detectá-la. Nunca se viu um bombardeio como esse, nem em 1989, segundo o direito do Instituto Vox Populi, Marcos Coimbra, em entrevista ao jornalista Paulo Henrique Amorim
A forma como a mídia manipulou as eleições presidenciais para provocar o segundo turno foi mostrada por Raimundo Pereira, em Carta Capital, ao apurar o que houve de verdade na entrega das tais fotos que abasteceram a falta de assunto da campanha de Geraldo Alckimin.
A imagem do dinheiro apreendido pela Polícia Federal ocupou o noticiário da Globo, na noite em que a emissora não soube nem divulgou que um Boeing lotado caiu na floresta Amazônica. Também estampou o jornais que participaram da combinação às escondidas com o delegado, sem publicar uma linha sobre sua origem. O delegado Edmilson Bruno tirou e distribuiu fotos do dinheiro, de forma ilegal, a jornalistas da Folha de S. Paulo, Estado de S. Paulo, do jornal O Globo, além da Rádio Jovem Pan
O diretor da Rede Globo, Ali Kamel, o mesmo que escreveu um livro para mostrar que não somos racistas no Brasil, escreveu uma carta e artigo no Observatório de Imprensa para mostrar que não há manipulação por parte da emissora que ele dirige.
Ao desmentir o desmentido de Ali Kamel, Carta Capital cutuca a emissora em sua parcialidade ao divulgar o caso do dossiê (o dos sanguessugas) e pergunta:
“É invenção de CartaCapital que 70% das ambulâncias da Planam foram liberadas durante o governo FHC e que a Globo cuidou de não mencionar o fato? E é invenção nossa que até hoje o JN não destacou um repórter para investigar as relações de Barjas Negri com Abel Pereira? E é que pelo menos uma reportagem foi produzida sobre Abel Pereira, e editada, e até hoje não foi ao ar?”
Outros fatos reafirman que a Globo sabia do avião mas optou pelo escândalo eleitoral, como o telefonema de Ricardo Boechat, editor-chefe do Jornal da Band, para Paulo Henrique Amorin.
A forma como a imprensa está tentando ganhar as eleições no grito está provocando também reações de grupos sociais, que querem ver esse dossiê da mídia bem montado e a tentativa de golpe midiático-eleitoral tratada na Justiça. Já é o caso de um manifesto (com assinaturas através da internet), divulgado pelo Observatório Brasileiro de Midia, e o manifesto do Coletivo de Comunicação Intervozes, contra a manipulação.
O dossiê que interessa agora
Quero parabenizar a Revista Carta Capital por essa brilhante reportagem, trazendo a tona o que está por traz dessas manchetes diárias sobre o dossiê. É vergonhoso que parte da mídia brasileira se preste a esse desserviço, tentando manipular a população brasileira, distorcendo a verdade em prol de vantagens escuzas, prejudicando o processo democrático e a escolha livre e soberana do povo brasileiro. Fiquei inojado com tamanha isensatez dessa falcatrua da mídia nacional.
Mais uma vez muito abrigado pelos esclarecimentos.