Manifesto contra a manipulação

A democracia brasileira foi vítima, na semana que antecedeu o primeiro turno
das eleições presidenciais, de um assalto. Em conluio com um delegado
federal criminoso, os veículos de mídia O Globo , Folha de S.Paulo, O Estado
de S. Paulo, da TV Globo e da Rádio Jovem Pan fraudaram a ética e o
compromisso com a verdade – cláusulas pétreas para o exercício do jornalismo – em nome de interesses político-partidários. Para obterem as fotos do
dinheiro apreendido com militantes petistas pela Polícia Federal e exibi-las
ao público, esse bando midiático mentiu e manipulou sem nenhum escrúpulo.

Diferentemente do que ocorre, freqüentemente, no ringue de vale-tudo da
mídia e do Poder, essa farsa veio à tona.

A conversa entre o delegado Edmilson Bruno e os repórteres Paulo Baraldi,
Lilian Christofoletti, Tatiana Farah e André Guilherme, em que também são
citados os jornalistas César Tralli e Rodrigo Bocardi, foi publicada pelo
jornalista Paulo Henrique Amorim em seu blog. A sociedade pôde, então,
conhecer o arranha-céu de mentiras publicadas e exibidas pelos maiores
veículos de comunicação brasileiros. Num país em que a mídia se encontra
acima do bem e do mal, esse é um momento peculiar. O momento de a sociedade
reagir.

A direção do bando midiático sabia que a versão de Bruno para o “roubo” da
foto do dinheiro era falsa, mas mesmo assim levou-a ao público. Por quê? Com
que motivos? Em nome do interesse público? Com certeza, não.

Esse bando fez isso para adulterar o resultado eleitoral, influindo de forma
premeditada na percepção do cidadão brasileiro.

O momento é grave. Um dos mais sombrios da nossa história contemporânea.
Devemos repudiar o ocorrido. Não nos submeter à escuridão. Possuímos pequeno
arsenal para enfrentar o imenso poder dos conglomerados monopolistas, mas
devemos exigir a devida punição dos protagonistas dessa tragédia. É chegada
a hora de discutir-se abertamente a importância do controle social dos meios
de comunicação.

Empresas de comunicação e jornalistas prestam um serviço público. A
comunicação não é uma moeda, não é um negócio. É um direito do cidadão.
Compreendido isso, torna-se claro que a manipulação é um crime.

Não se pode aceitar que crimes sejam cometidos por aqueles que passaram a
empunhar a bandeira da liberdade de imprensa apenas para se perpetuar no
comando da sociedade. Liberdade de Imprensa não autoriza empresas a fazerem
o que bem entendem com o país em que vivemos; não é liberdade de empresa. Os
movimentos sociais e as organizações não podem deixar que isso ocorra. É
preciso haver instrumentos que garantam que a verdade prevaleça, preservando
a liberdade de informar e ser informado, mas impedindo que essa liberdade
seja utilizada para manter fatos relevantes na sombra.

Nós, do Coletivo Intervozes, convidamos a sociedade organizada a se somar a
esse movimento de denúncia. A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e a
Associação Brasileira de Imprensa (ABI) precisam assumir uma clara postura
de condenação do ocorrido. As autoridades competentes, os poderes Executivo,
Legislativo e Judiciário, precisam reagir com responsabilidade.

Porque está em jogo o próprio futuro da democracia brasileira.

Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social

Foto da Agência Estado com a legenda: Delegado da Polícia Federal, Edmilson negou que tenha sido responsável pelo vazamento das fotos

One thought on “Manifesto contra a manipulação

  1. Manifesto contra a manipulação
    Caros amigos/as,

    Fico mais tranquila com esta atitude de vocês. Faz tempo que me sinto revoltada, por assistir diariamente este complô dos grandes meios de comunicação, esse pessoal sente-se o poder. Querem influenciar na livre escolha das pessoas, usam as informações que lhes convem para seus intentos. è chegada a hora de uma grande campanha, de alertar a população, quem sabe de um grande boicote. Dias atrás alguém puxou esta bandeira, tive o maior prazer de mobilizar as pessoas, no trabalho, onde moro, para boicotar o Jornal Nacional. É pouco é verdade, mas é uma semente.
    Coragem, vamos em frente. Do meu cantinho, ajudarei.
    Um forte abraço
    Marlene Espíndola

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