15/02/2010 07:42
O seu nome era Alcides, por Sucena Shkrada Resk
O dia 6 de fevereiro marcou a partida abrupta do estudante de biomedicina pernambucano, Alcides do Nascimento Lins, de 22 anos. O material que manipulava em trabalho que desenvolvia no laboratório da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ainda está lá, como noticiado pela imprensa. As risadas gostosas e o trabalho do jovem esforçado, prestes a se formar, agora, só serão lembranças aos seus companheiros e à sua família. A ironia do destino é arrebatadora. O rapaz de origem humilde, que se destacou em noticiários, em 2007, por passar no vestibular nas primeiras colocações de uma universidade pública, agora voltou à mídia, como mais uma vítima da violência urbana.
Um dos acusados de matar Alcides, preso na semana passada, alegou que, ele e o seu comparsa queriam eliminar outra pessoa, mas na ausência desta, tiraram a vida do rapaz. O argumento demonstra o quanto nossa sociedade, em suas entranhas, está doente e desumanizada.
Quantos Alcides não têm suas vidas interrompidas por esse Brasil? O filho da ex-catadora de lixo queria mudar os rumos da família humilde do Recife. De acordo com relatos de familiares, ainda auxiliava no pagamento do cursinho de uma das irmãs, que agora, passou no vestibular. Em poucos segundos, todos esses sonhos foram retirados do jovem, que apenas batalhava por um espaço digno nesta sociedade, para não ser mais um número nas estatísticas da pobreza.
O destino de Alcides só nos faz repensar que precisamos resgatar valores de amor e de compaixão. Isso significa que a sociedade e o Estado não podem ficar omissos neste processo, que envolve acesso à educação e empregabilidade e, acima de tudo, à cidadania. No duelo dos antagonismos, as chamadas minorias são as maiorias, desde os primórdios da colonização. É como uma chaga e até quando?
Fonte: Blog Cidadãos do Mundo – jornalista Sucena Shkrada Resk – www.twitter.com/SucenaSResk