Há alguns personagens ao longo da História que se eternizam por seu papéis, que excedem as citações em livros e na mídia. José Mindlin é um desses cidadãos, que, aos 95 anos, partiu em 28 de fevereiro para uma nova morada, deixando ao mundo, por meio de doação, em 2009, à Universidade de São Paulo (USP), a Coleção Brasiliana Guita e José Mindlin (http://www.brasiliana.usp.br/). São mais de 40 mil volumes. Uma riqueza em um Brasil que ainda tem muito a avançar, já que mantém cerca de 15 milhões de analfabetos de 15 anos ou mais e outros milhares de potenciais leitores sedentos por descobrir o sabor da literatura e das diferentes linguagens compostas por imagens e textos.
Ao longo de décadas, o bibliófilo, jornalista e empresário, com ascendência ucraniana, se revelou um cidadão do mundo persistente e ético. Pode-se dizer que foi um cuidador das letras, dos símbolos, das memórias, juntamente com sua esposa Guita (falecida em 2006). Aos trezes anos, ele já sabia dar valor à literatura, como ninguém. Mais do que raridades em suas coleções, como os originais da obra Saragarana, do autor Guimarães Rosa, e de primeiras edições de José de Alencar, buscou a história do país por esse mundo afora, atrás de mapas, manuscritos e tudo que pudesse compor um mosaico brasileiro. Com isso, exemplares portugueses também foram agregados ao seu acervo. Entre eles, obras de Machado de Assis.
Boa parte desse material também está sendo digitalizada, para facilitar o acesso ao público. A biblioteca deverá ser aberta ainda neste ano, na Cidade Universitária. Mas só isso não basta. É importante que as escolas, os docentes, os intelectuais, os jornalistas, os articulistas… incorporem em seus programas e discursos a história desse ‘senhor das letras’ e possibilitem o encantamento ou o reencantamento pela viagem à linguagem nas suas mais diferentes expressões.
Fonte: Blog Cidadãos do Mundo
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