De acordo com a Secretaria de Estado de Saúde do Pará (Sespa) nos últimos seis anos pelo menos 108 mulheres morreram devido a complicações durante a gravidez. Mortes que poderia ter sido evitadas com um pré-natal adequado. Um evento realizado nesta quinta-feira (25), em Belém, reuniu profissionais da saúde para discutir a integração do atendimento as gestantes.
Na Santa Casa de Misericórdia do Pará, principal maternidade do estado, metade das mulheres que dão a luz no hospital vêm do interior do estado. Elas são jovens, têm entre 18 e 25 anos, e não realizam o número mínimo de oito consultas de pré-natal recomendadas durante a gravidez.
“Ao pré-natal mais básico muitas vezes ela não tem acesso, não vai porque acha que já teve muitos filhos e sabe o que o médico vai dizer ou ainda está matriculada mas recebe atenção deficiente”, conta Ana Marta Batista, médica especialista em tocoginecologia.
Deuza Silva vive na Ilha do Marajó e veio até a Santa Casa em Belém para dar a luz. Ela diz que teve apenas algumas consultas de pré-natal. “Que eu lembre, foram apenas quatro”, conta. A falta de acompanhamento contribui para o índice de maternidade materna. No Estado, de 2006 até setembro de 2012 cerca de 108 gestantes morreram por complicações na gravidez.
“Muitas vezes essa detecção de risco não acontece e essa gestante começa sendo abandonada na rede de saúde em busca até do hospital onde vai ter o bebê”, critica Ana Crezzo, coordenadora estadual de saúde da criança.
O acompanhamento médico pode ajudar ainda a salvar a vida dos bebês. “Através do pré-natal bem feito, se detectamos no primeiro trimestre alterações no coração ou rins, imediatamente uma rede, uma equipe, se forma ao redor desta mãe para receber o bebê. Podemos corrigir nos primeiros dias de vida uma doença e dar a essa criança a possibilidade de viver normalmente no futuro”, assegura Laises Braga, do Hospital das Clínicas de Belém.