Pedreiros, pescadores, produtores culturais e outros profissionais que não passaram por nenhum curso técnico ou superior, mas tem atuação na área, terão a possibilidade de receber um certificado. Essa é a proposta da Rede Nacional de Certificação Profissional e Formação Inicial e Continuada – Certific -uma iniciativa conjunta do Ministério da Educação (MEC) e do Ministério do Trabalho (MTB), criada por meio de uma portaria interministerial. A estimativa é de que em 2010, os Institutos Federais de Educação Tecnológica (IFET’s), juntamente com instituições parceiras, comecem a realizar as certificações gratuitamente.
De acordo com o diretor de Formulação de Políticas da Educação Profissional e Tecnológica do MEC, Luiz Caldas, as áreas de construção civil, turismo, pesca, gastronomia e metal mecânica serão as primeiras a terem profissionais certificados. A Rede poderá expandir a certificação para novas áreas a qualquer momento, de acordo com as possibilidades de atuação dos IFET’s.
“Será um processo de reconhecimento dos saberes não formais das pessoas, aqueles que elas construíram fora da escola. Mas não queremos dar apenas o certificado, a proposta é que os trabalhadores também tenham uma formação continuada, inclusive, ingressando na educação formal se o desejarem”, acentua Luiz Caldas.
Os Institutos tem a possibilidade de aderir ou não à Rede Certific, mas, de acordo com o diretor do MEC, nenhuma instituição até o momento se mostrou contrária à proposta. Segundo Luiz Caldas, na primeira quinzena de dezembro haverá reunião com os reitores dos IFET’s para que a adesão seja formalizada e se defina detalhes do funcionamento da Rede
“Não haverá acréscimo de recursos porque já é obrigação dos institutos oferecerem essa certificação, mas poderá haver captação, por exemplo, por meio do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT)”, acrescenta.
Certificação inclui entrevista e testes teóricos e práticos
O diretor do MEC ressalta que há outras instituições que realizam a certificação de trabalhos não-formais, entretanto, se o trabalhador não consegue comprovar aquela experiência, ele sai de lá sem o certificado. No caso da nova Rede Certific, o trabalhador será encaminhado para a capacitação de acordo com aspectos nos quais ele tenha demonstrado dificuldades.
Por exemplo, se o candidato à certificação tem o conhecimento técnico, mas é analfabeto, ele poderá ser encaminhado para a alfabetização por meio de parceria entre os Institutos e os estados e municípios. Se o mesmo trabalhador não conseguiu comprovar plenamente que entende de uma terminada função, ele pode complementar o seu saber com disciplinas específicas sobre aquele aspecto que ele não domina tão bem.
Os passos para que o trabalhador seja certificado inclui um levantamento da trajetória dele no mundo do trabalho, um exame teórico com perguntas relacionadas à área de atuação, e a apresentação do trabalhador a uma situação prática o mais próximo possível das técnicas de trabalho que ele garante dominar.
“O que dá longevidade ao emprego do trabalhador não é simplesmente o certificado, mas a capacidade dele de continuar aprendendo, por isso a ênfase na formação também”, destaca Luiz Caldas.