Canções da resistência se transformaram em hits das manifestações contra o golpe em Honduras e pela internet. Os refrões “Nos tienem miedo porque no tenemos miedo“, de Liliana Felipe y “Honduras. el pueblo está contigo“, del Grupo Abyayala animam protestos nos bairros e na Avenida La Paz, onde uma caminhada iniciada pela manhã se concentra agora (13 horas em Honduras e 16 no Brasil) em frente à Embaixada dos Estados Unidos.
O novo cancioneiro é popularizado pela inclusão em toda programação da Radio Globo Honduras, emissora que se comunica diariamente com a Embaixada do Brasil, transmite entrevistas com Manuel Zelaya, acompanha de perto as manifestações nas ruas, denuncia os atos de violência, informa e analisa os avanços e recuos políticos no cenário de combate ao golpe de Estado ocorrido há 91 dias no país. Através da radio também são transmitidas mensagens diretas aos manifestantes, avisados sobre acontecimentos paralelos.
Faz parte dos hits de Honduras o “Zapatazo ” dedicado a Micheletti, a sus gorilas y militares, que fala de um tipo de ação política que deve se repetir hoje durante a concentração em frente à Embaixada dos Estados Unidos.
Zapatazo, para quem é de fora do país, é uma expressão que remete ao episódio em que o jornalista iraquiano Muntazar al-Zaidi, que em dezembro de 2008 lançou seus sapatos contra o então presidente George Bush e ficou preso durante 10 meses por causa disso. Mas no caso de Honduras, o zapatazo não inclui o lançamento de calçados. As pessoas simplesmente retiram e exibem seus calçados gastos da marcha para mostrar que estão caminhando o tempo que for necessário, que os e as caminhantes têm resistência.
Aos 91 dias desde a deposição de Manuel Zelaya, a marcha busca enfraquecer o governo golpista e transmitir ânimo ao presidente Zelaya que, ontem (25) também pediu ao povo que resista até sua volta ao poder. A mobilização é tremendamente dificultada pela presença de mais de 4 mil soldados nas ruas, pelos sucessivos toques de recolher no pais e medidas de intimidação, como a proibição da presença de crianças nos protestos.
A realização progressiva de concentrações e marchas que desafiam o governo de Micheletti é celebrada como sinal da disposição popular de rebelar-se.
O uso de produtos tóxicos e técnicas de intimidação contra os ocupantes da Embaixada Brasileira foi um dos motivos do aumento de indignação popular. Até meio dia deste sábado (26) as notícias davam conta de que os ocupantes da embaixada ainda nao haviam recebido alimentos, barrados externamente pelas forças golpistas. Pelas ruas, manifestantes bradavam a “Zelaya: Mel, aguanta! El pueblo se levanta”.