Comunicação e Educaçao

A experiência educomunicativa na construção do conhecimento
Muito mais que um simples conceito integrando no mesmo campo de convergência
comunicação e educação, o visionário termo educomunicação surge em meio a um
cenário bastante interessante. Em todo o mundo, observamos a influência dos meios de
comunicação no dia-a-dia das pessoas, e esses atores sociais destacam a importância de
lembrar que, anteriormente ao termo ter sido criado, pequenas organizações e grupos de
bairros já vinham desenvolvendo grandes atividades com a idéia de integrar o poder de
alcance da comunicação e as prerrogativas democráticas através da ampliação do
conhecimento.

Sabemos que promoção de igualdade entre os seres humanos, bem como resgate dos
preceitos de convívio social, podem ser expostos através de argumentações dialogadas
entre a sociedade civil, sem se tornar cansativo. O fato é que essas idéias são um tanto
quanto complicadas de se entender para quem tem um contato mais superficial com
essas tendências.

Hoje, por exemplo, os grandes veículos de comunicação desenvolvem produtos, lançam
para o receptor – que por sua vez é o que chamamos de “espectador passivo”, tudo é
simplesmente digerido, e assim continuamos, como se nada tivesse acontecido.

Todos nós cidadãos na “sociedade da informação”, somos, naturalmente, levados a
usufruir dos meios de comunicação, como ferramenta de entretenimento compensatório
às necessidades culturais que temos, em detrimento da escassez de tempo que de certa
forma impede a visita a um museu, a uma biblioteca, ou simplesmente a um parque.
Ainda mais sabendo que essas atividades foram inferiorizadas pela cultura brasileira
durante anos.

Se pensarmos na comunicação sendo realmente levada a sério, e tendo seus conteúdos
criticamente avaliados, se torna possível delimitar a influência manipuladora desses
meios na sociedade civil.

Essas interessantes alternativas já são encontradas facilmente em vários lugares e
apresentam diversas formas de exploração, aplicação, e também diversas linguagens –
que vão se adaptando às necessidades locais.
Durante este evento, poderemos compreender melhor quais são as ferramentas da
comunicação, tão logo você perceberá com naturalidade que a influência das mídias na
educação é algo tão auto-sustentável, que acaba se tornando indissociável. Por esse
motivo, em absolutamente todos os lugares que se discute fazer e explorar comunicação
existe uma abertura muito grande para a preocupação pedagógica de futuras produções.

No caso da internet, por exemplo, Wikipédia (www.wikipedia.org) integra os públicos
leitores àqueles que se sentem capazes de interferir e gerenciar os conteúdos quando
entrega ao receptor o poder de desconsiderar ou supervalorizar a importância de um
conteúdo publicado antes, adicionando informações, dados,e modificando até mesmo
sua formatação ao inserir imagens e outras coisas mais.
Ao fenômeno dessa inter-relação na internet damos o nome de Web 2.0, onde você
deixa de somente receber – e automaticamente aceitar – esses conteúdos, passando a
justificar sua inquietação em relação ao que foi exposto.
Sob essas condições, o fenômeno internet embevece até aos olhos do navegante de
primeira viagem, coisa que na comunicação social privada exprime dificuldade, devido
a conflitos de interesses claramente familiares (vide exemplo das famílias Marinho,
Frias, Mesquita e Saad, respectivamente das organizações Globo, Folha, Estado e
Bandeirantes… só para citar alguns).

Analisando por um outro prisma, e mudando um pouco de ares comunicativos, para
inserções pedagógicas, a preocupação está em como podemos melhorar a assimilação
dos conteúdos produzidos pela comunicação na pedagogia, sem “didatizar” essa
aproximação tanto para educadores, quanto para educandos.
Em São Paulo, essas experiências já mostram resultados práticos de grande importância,
e destacam a nossa cidade no cenário mundial da educomunicação. A Lei EDUCOM,
por exemplo, que é a primeiríssima iniciativa de caráter público a abranger toda uma
cidade, teve início na discussão entre a disseminação do conceito educomunicativo em
escolas públicas de ensino fundamental, e a necessidade de uma política pública que
assistisse ao uso e depreciação dos equipamentos, garantindo o acesso e a continuidade
na multiplicação da cultura midiática em ambientes educativos.

Essas constatações comprovam a importância de incluir a temática de inter-relacionar a
comunicação à educação na pauta dos movimentos sociais brasileiros, bem como nas
classes acadêmicas e ambientes pedagógicos. Diante de todo esse cenário, nasce a
possibilidade de executar essas inserções através de importantes ferramentas de
educação à distância, já que as mesmas possuem grande impacto quando bem aplicadas.
O Ministério da Educação atualmente investe nessa modalidade formativa, e através das
demandas dos projetos sociais visa com grande abertura inserir a educomunicação como
parte dessas práticas.

Outra possibilidade interessante seria a tecnologia “Moodle”, recentemente difundida
entre os menos familiarizados com as tecnologias da informação. No sistema “Moodle”
pode ser criado um “e-place” semelhante a um ambiente colaborativo. E-place seria um
simples ambiente digital para usuários (receptores) cadastrados, tratando de quaisquer
assuntos. Já um ambiente colaborativo permite, por exemplo, que conteúdos sejam
criados por um usuário e alterados por qualquer outro que tenha privilégios de
administrador – caso o site tenha restrições. É o que agências de informação alternativas
chamam de “Comunicação Compartilhada”.

Tentando conceber um ambiente propício à revisão conceitual da idéia que a grande
massa tem de democracia, em contrapartida ao pensamento de ordem militante,
conflitamos dois mundos opostos. Relacionar o direito humano comunicação à sua
esfera pedagógica complementar é uma tarefa que, dada a situação, compreende
mergulhar nas tecnologias da educação, e na mediação tecnológica dessas estruturas
educativas. Para tanto, determinados questionamentos surgem.
Quais seriam as formas de efetivar e afirmar a educomunicação como uma prática
salutar, e passar a pautá-la na estrutura “executiva” das organizações sociais? Isso é
importante? Sob quais aspectos?
Pesquisas mostram que o desenvolvimento da educação tem sido recrudescente diante
do uso das mídias em seus processos. A alternativa mais satisfatória para quem trabalha
com esse campo é induzir o questionamento em todas as esferas, e trazer os debates às
vistas da sociedade visando definir suas bases.
Deveríamos então substituir ferramentas pedagógicas atuais por essas novas tendências?
Como gerenciar os conflitos ideológicos de quem se propõe ou se opõe a tais tarefas?
E mais, diante de Comunicação 2.0, apropriação e mediação tecnológica de ferramentas
pedagógicas, sub-tecnologias de ambientes colaborativos para educação à distância – no
caso da cultura digital-, em detrimento das prerrogativas de democracia já tarimbadas
pelos movimentos sociais há décadas (como direitos humanos e de livre expressão
religiosa, sexual, ideológica e filosófica…). Como não se perder no discurso tecnicista,
focando demais a exploração de recursos materiais e apequenando a importância da
participação física de pessoas nas discussões?
Como se comportar diante de questões transversais como direitos de propriedade
intelectual e Copyright (reprodução limitada de conteúdos, com contrapartidas
financeiras) / Copyleft (livre reprodução e distribuição de conteúdos com as devidas
referencias valorizadas nas peças)?

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